Jorge Silva Melo impôs-se com uma grande pessoa do teatro em Portugal. Encenador, ator, cineasta, dramaturgo, tradutor e crítico português tinha 73 anos. Fundou o Teatro da Cornucópia em 1972 e em 1995 fundou a companhia Artistas Unidos. Morreu agora, aos 73 anos, apanhado por um cancro.
Um "incansável criador de mundos", um "obstinado construtor de outras maneiras de inventar especáculos", um "arquiteto de coletivos mais solidários", uma "enciclopédia generosa ao serviço das novas gerações", um "feroz defensor da sua e nossa liberdade de pensamento" e "uma locomotiva intelectual": assim é recordado o encenador, ator, cineasta e dramaturgo.
Perder o Jorge Silva Melo “É como se tivesse ardido a nossa mais esplêndida biblioteca, como se tivesse ruído o nosso mais fulgurante teatro. Que profunda tristeza", lastima o dramaturgo e encenador Tiago Rodrigues, ex-diretor artistico do Teatro Nacional D. Maria II e agora diretor do célebre Festival d Avignon, em França.
Jorge Silva Melo realizou vários filmes, o mais recente ("Sofia Areal: Um Gabinete Anti-Dor") estreou em 2016.
Escreveu também várias peças de teatro, incluindo "Seis Rapazes Três Raparigas", "António: Um Rapaz de Lisboa", "O Fim ou Tende Misericórdia de Nós", "Prometeu", "Num País Onde Não Querem Defender os Meus Direitos", "Eu Não Quero Viver", "Não Sei" (em colaboração com Miguel Borges) e "O Navio dos Negros". É ainda autor do libreto "Le Château dês Carpathes".
Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.
A professora Mariana Pinto dos Santos, do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, cita o próprio Jorge Silva Melo para reagir à sua morte: "Não seremos jamais órfãos, sempre seremos herdeiros."