Quando vocês vieram para Melbourne, Austrália e porquê?
Rodrigo Teixeira: Vim pra Melbourne em 2007, para obter treinamento extra em cirurgia
Rodrigo Teixeira: Vim pra Melbourne em 2007, para obter treinamento extra em cirurgia
plástica. Sou de Itapetininga, interior de São Paulo, porém morei na cidade de Sao Paulo a maior parte de minha vida, durante a faculdade e depois trabalho.
Ypuã Pagangrizo: Eu cheguei em 2012, venho de Cianorte do Paraná. Melbourne foi uma escolha fácil, ótima qualidade de vida, minha adaptação aqui foi fácil.
Rodrigo, você é cirurgião plástico de um dos hospitais mais renomados da Austrália, o Royal Children’s Hospital. Desde quando trabalha lá e como foi o processo de contratação?
RT: Eu comecei a trabalhar no RCH em 2007 como fellow. E em 2014 como consultor e lá estou até
RT: Eu comecei a trabalhar no RCH em 2007 como fellow. E em 2014 como consultor e lá estou até
hoje. Comecei no Northern Hospital em 2014 e hoje sou chefe do serviço de cirurgia plástica. Também tenho minha clinica particular (private) em Richmond.
Porque escolheu a cirurgia plástica e reconstrutiva pediátrica? E que tipo de cirurgias você faz?
RT: Eu sempre fui fascinado com a área de reconstrução, é muito gratificante ver o benefício que isto proporciona na vida das pessoas. Gosto muito de cirurgia facial e, em especial de rinoplastia. Na área estética também me especializei em cirurgia de mama e abdômen. Já na área de reconstrução, me dedico à cirurgia de fissuras lábio-palatinas, mas também opero muito câncer de pele e cirurgia da mão.
RT: Eu sempre fui fascinado com a área de reconstrução, é muito gratificante ver o benefício que isto proporciona na vida das pessoas. Gosto muito de cirurgia facial e, em especial de rinoplastia. Na área estética também me especializei em cirurgia de mama e abdômen. Já na área de reconstrução, me dedico à cirurgia de fissuras lábio-palatinas, mas também opero muito câncer de pele e cirurgia da mão.
Ypuã você é instrumentista cirúrgico do Northpark Private Hospital. Desde quando trabalha lá e como foi o processo de contratação?
YP: Trabalho desde de 2017. Durante o meu estágio em 2017 foi me oferecido um emprego no centro cirúrgico. Sim a diversidade cultural dentro do hospital é grande e acho isso extremamente positivo para todos.
YP: Trabalho desde de 2017. Durante o meu estágio em 2017 foi me oferecido um emprego no centro cirúrgico. Sim a diversidade cultural dentro do hospital é grande e acho isso extremamente positivo para todos.
Porque escolheu a enfermagem?
YP: A enfermagem me escolheu. No Brasil eu ganhei uma bolsa integral de estudos para cursar
YP: A enfermagem me escolheu. No Brasil eu ganhei uma bolsa integral de estudos para cursar
enfermagem atraves do PROUNI. Ate entao nunca tinha pensado em estudar enfermagemQue tipo de cirurgias você assiste?
YP: A minha área de atuação é cirurgia geral, endocospia, ginecologia, obstetricia, maxilar e facial e pequenos casos pediátricos
Source: LF/SBSPortuguese
YP: A minha área de atuação é cirurgia geral, endocospia, ginecologia, obstetricia, maxilar e facial e pequenos casos pediátricos
Como é seu dia-a-dia quantas cirurgias fazem por dia? Qual sua rotina?
RT: Pra dizer a verdade eu não tenho uma rotina muito bem definida. Meus compromissos mudam de semana a semana. Algumas semanas quando estou de plantão à distância acabo operando mais, às vezes 4 ou 5 sessões na semana. Outras semanas opero 2-3 sessões. O número de cirurgia por sessão varia de acordo com a complexidade das operações, as vezes uma cirurgia complexa pode ocupar a lista toda, mas na maior parte das vezes são 4-5 cirurgias em cada sessão.
RT: Pra dizer a verdade eu não tenho uma rotina muito bem definida. Meus compromissos mudam de semana a semana. Algumas semanas quando estou de plantão à distância acabo operando mais, às vezes 4 ou 5 sessões na semana. Outras semanas opero 2-3 sessões. O número de cirurgia por sessão varia de acordo com a complexidade das operações, as vezes uma cirurgia complexa pode ocupar a lista toda, mas na maior parte das vezes são 4-5 cirurgias em cada sessão.
YP: Depende muito da especialidade em qual estarei trabalhando no dia. Porem posso afirmar que seja acima de 10/12 cirurgias por dia podendo ser ate mais dependendo da especialidade
Pode descrever alguma cirurgia de sucesso?
RT: Eu poderia falar que participei da equipe que separou as gêmeas unidas pelo estômago [As gêmeas siameses do Butão, Dawa e Nima, foram separadas após uma cirurgia no Royal children’s
RT: Eu poderia falar que participei da equipe que separou as gêmeas unidas pelo estômago [As gêmeas siameses do Butão, Dawa e Nima, foram separadas após uma cirurgia no Royal children’s
Hospital comandada por seis cirurgiões e dezenas de enfermeiros, o caso ganhou atenção da mídia mundial], mas apesar de deslumbrante, minha participação como fellow foi pequena. Acho que a história que mais gosto de contar é quando eu vejo a expressão de felicidade no rosto dos pais dos meus pacientes pediátricos quando se vêem pela primeira vez após o reparo dos lábios.
E o contrário, qual foi um momento difícil para vocês?
RT: Foi muito difícil ter que fazer mais treinamento e prestar o exame de especialista na Austrália após ter completado minha formação no Brasil. Não foi fácil navegar por sistemas de saúde e educação médica muito diferentes e atender a todos os requisitos necessários na requalificação profissional. Foi um período de trabalho duro com muita incerteza. Por outro lado,isso me ajudou muito na minha carreira e me considero um profissional muito mais qualificado hoje.
RT: Foi muito difícil ter que fazer mais treinamento e prestar o exame de especialista na Austrália após ter completado minha formação no Brasil. Não foi fácil navegar por sistemas de saúde e educação médica muito diferentes e atender a todos os requisitos necessários na requalificação profissional. Foi um período de trabalho duro com muita incerteza. Por outro lado,isso me ajudou muito na minha carreira e me considero um profissional muito mais qualificado hoje.
YP: Tive vários momentos dificeis. Um deles foi em 2017 durante meu estágio aonde tinha que acordar as 4am enfrentar uma jornada de 2 horas e 30 minutos até o local de estágio durante o inverno de Melbourne e ao mesmo saber que meu pai estava iniciando a radioterapia para tratar o câncer que tinha.O que fazem para relaxar?
RT: Gosto de ficar em casa com minha família, minha esposa e dois filhos. Também gosto muito de esporte, faço karatê e vou regularmente na academia. Não perco nenhum jogo do Melbourne Demons.
Source: Supplied/Instagram @drrodteixeira
RT: Gosto de ficar em casa com minha família, minha esposa e dois filhos. Também gosto muito de esporte, faço karatê e vou regularmente na academia. Não perco nenhum jogo do Melbourne Demons.
YP: Saio com os amigos e frequento a igreja aos finais de semana
Quais seus lugares favoritos em Melbourne?
RT: Gosto muito da city (centro), das ruelas com bares e restaurantes, dos imponentes e históricos prédios públicos, e das margens do Rio Yarra.
RT: Gosto muito da city (centro), das ruelas com bares e restaurantes, dos imponentes e históricos prédios públicos, e das margens do Rio Yarra.
YP: Os cafés na city. Gosto muito de café então já viu.
Sentem saudades do Brasil?
RT: Sinto muita saudade da família. Como já estamos aqui há muitos anos nos acostumamos com a falta do país, mas a falta da família é permanente. Às vezes sinto falta da cultura brasileira, de frequentar uma festa junina ou de assistir a um jogo do Corinthians.
YP: No começo sentia sim muita saudade mas você acaba se acostumando e conforme o tempo passa a saudade diminui mas de tempos em tempos ela sempre bate no peito. Não vou para o Brasil com muita frequência mas esse ano estarei indo e mal posso esperar para conhecer minha sobrinha.
Pensam em voltar?
RT: Muito improvável. Voltar para visitar sim, sempre.
YP: Nunca digo não porém nesse exato momento não tenho interesse em voltar a morar no Brasil permanentemente.
Muitos profissionais da saúde gostariam de vir trabalhar no exterior (e na Austrália), muitos estão aqui, o que diria para eles? Qual sua mensagem para navegar no sistema australiano de saúde pública?
RT: Tem que querer muito porque não é fácil. Não tem atalhos ou sorte, é trabalho duro, correr atrás e saber que mesmo assim, talvez não seja possível e estar preparado(a) pra isso. O sistema australiano é bem diferente do brasileiro, e quase sempre é preciso fazer um período de re-treinamento e re-avaliações. Aqui o processo para se tornar um especialista é ainda mais longo que no Brasil e isso pode resultar em incompatibilidade.
RT: Tem que querer muito porque não é fácil. Não tem atalhos ou sorte, é trabalho duro, correr atrás e saber que mesmo assim, talvez não seja possível e estar preparado(a) pra isso. O sistema australiano é bem diferente do brasileiro, e quase sempre é preciso fazer um período de re-treinamento e re-avaliações. Aqui o processo para se tornar um especialista é ainda mais longo que no Brasil e isso pode resultar em incompatibilidade.
YP: Tenha fé, seja honesto, tenha foco e acima de tudo seja humilde e persistente.
Source: Supplied/FB Ypuã Pagangrizo