Conferência da ONU sobre o uso dos plásticos constata o fracasso global da reciclagem

Plastic pollution is cleared from the sea along Beirut's Corniche.

Ilha de plástico que se formou no oceano Pacífico: tem a dimensão de 3 vezes o território da França. Source: AAP

O plástico tem sido posto como parte da nossa comodidade. Quantos milhões de embalagens (em plástico) acomodam os iogurtes ou a água que usamos? Eles servem para uns instantes de consumo, ciclo de utilização mínimo e depois – lixo. Começou essa semana em Busan, na Coreia do Sul, a rodada final da negociação de um tratado que pretende colocar fim à poluição por plásticos. Para a ONU essa é uma “oportunidade histórica” para proteger o planeta, que “está sendo afogado na poluição plástica”.


Sim, é sabido que somos incitados a separar os plásticos no lixo para que possa haver o necessário tratamento para reciclagem – mas a constatação na abertura da conferencia da ONU sobre a ameaça que o plástico nos coloca é a de que a reciclagem do plástico – está um fracasso global.

A conferência da ONU em Busan, na Coreia do Sul – é uma espécie de COP como as do clima e as da biodiversidade mas dedicada a este problema causado pelo derivado do petróleo que é o plástico – com um tratamento que agrega milhares de componentes químicos que, ao mesmo tempo, o fortalecem e dão elasticidade, mas que acumulados se tornam nocivos.

Nós usamos em escassos minutos o que vem embalado em plástico – mas esta embalagem leva centenas de anos a degradar-se e a causar males.

A conferência na Coreia do Sul tem a participação de peritos, investigadores, cientistas, técnicos, diplomatas, decisores políticos, de 178 países, portanto quase todos os do mundo.

Logo na abertura foram mostradas imagens – e quadros de dados que estremecem, um primeiro abalo, é a extensão do que é conhecido como ilha de plástico que se formou nas últimas décadas no oceano pacífico.

É um território marinho descontínuo mas que acaba de ser revelado em Busan – já tem a dimensão de 3 vezes o território da França,

Só neste ultimo ano foram parar aos oceanos – mais de 11 milhões de toneladas de plásticos, a concentração tornou-se colossal.

Desde as grandes baleias à enorme variedade de pequenos peixes, muitos deles parte da nossa cadeia alimentar, passando por tartarugas aves marinhas e tantas espécies mais – confundem os restos degradados de plástico com alimentos – e assim ou caem numa armadilha muitas vezes fatal ou propagam um ciclo que vem parar com efeitos nocivos ao nosso corpo.

Ainda os dados:

Há 50 anos, por tanto ao tempo do 25 de abril, a produção global de plástico andava plos 2 milhões de toneladas – agora, meio século depois – são 500 milhoes de toneladas produzidas em cada ano.

São um desenvolvimento em escala industrial.

Com uma parte que nos traz grande beneficio têm aplicações que nos são muito úteis, sabemos como o plástico serve para a conservação de alimentos – e evitar que se deteriorem.

Temos cada vez mais plástico em tudo; nas canetas, em peças várias, nos brinquedos, nas fibras da roupa – muitas vezes plásticos com polímeros não recicláveis que tornam impossível a reciclagem e reutilização deixam um rasto nocivo global, permanente – com impacto grave para a vida dos ecossistemas e para a saúde humana.

Há todos os dias microplásticos a entrarem para o nosso corpo, daí a grande atualidade de conferências como esta cimeira do plástico – esta semana em Busan – com a ambição de reduzir a ameaça do plástico na terra, nos rios, nos oceanos.

Há nesta cimeira ONU sobre os plásticos um choque entre interesses económicos e os da natureza, os ambientais.

É uma batalha político-diplomatica entre, por um lado, os produtores de petróleo – Arabia Saudita e Rússia à cabeça da produção dos hidrocarbonetos que compõem 90% do plástico – e por outro o bloco de países que se sentem mais prejudicados ou com mais alerta ara a ameaça.

É o caso de estados que são pequenas ilhas (costas paradisíacas mas a ficarem inundadas por lixo), também países costeiros de África, das Américas – um bloco que inclui a União Europeia, o Canadá e a Austrália, muito ativos e um pais que é produtor de petróleo mas militante contra o mal do plástico – a Noruega.

Na agenda desta conferência, colocar um teto à produção mundial de plásticos, estancar e reduzir o monstro, limitar produtos químicos, aditivos, na composição do plástico.

Investir na investigação sobre tratamento e substituição do plástico.

Deixarmos de viver embrulhados em plástico - parece uma utopia – mas quem investiga o lado nocivo do plástico está a mostrar-nos que temos motivo para nos preocuparmos e sabermos evitar o problema que é serio.

Também aqui – depende muito de cada um de nós. Perante a evidência, vale acrescentar – haja ambição.

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