Permissão para morrer: Vitória aprova lei da morte assistida

Senior man in hospital bed and his wife holding his hand

Senior man in hospital bed and his wife holding his hand Source: Getty

O estado de Vitória é o primeiro na Austrália a legalizar a eutanásia com auxílio dos médicos. A partir de hoje doentes terminais, com menos de seis meses de vida, terão o direito de receber uma droga letal para acabarem com suas vidas.


Pacientes serão examinados por vários médicos, incluindo um especialista, enquanto que um painel de profissionais acompanhará todo o processo. 

Colleen Hartland, do Partido Verde, foi uma das grandes defensoras da nova lei.

“Agora podemos olhar as pessoas que tem câncer terminal nos olhos e dizer a elas que elas tem uma escolha, que elas não tem que sofrer naquelas últimas semanas. Todos nós temos amigos e familiares que passaram por mortes terríveis. Agora podemos dar um alívio real a essas pessoas.” 
O líder do Partido Verde, Richard Di Natale, disse que vai tentar aprovar a lei em nível federal para que ela possa ser aplicada em todo os estados australianos. 

O premier de Vitória, Daniel Andrews celebrou o dia da aprovação da lei. 

“Hoje é um dia onde estamos tomando conta das pessoas que tiveram negadas a compaixão e que não tinham o poder de controlar a última fase da sua jornada. Estamos dando de volta o controle, o cuidado, a compaixão e o respeito para que eles possam escrever o último capítulo de sua jornada.” 

Jovens de até 18 anos de idade e os que vivem em Vitória por menos de 12 meses não terão acesso ao programa.
Para Ana Melo, uma das coordenadoras do Projeto My Age, da Abrisa em Melbourne, apesar da nova lei ter uma série de dispositivos que protegem o paciente, o idoso imigrante tem dificuldades para entender o que acontece à sua volta e também sofre de isolamento com pouco apoio familiar. 

Nessa entrevista ela fala do impacto nas primeiras gerações de imigrantes brasileiros. “Não seria uma decisão fácil para eles.” 

Algumas medidas foram colocadas em prática para evitar o abuso do programa.

Se alguma outra pessoa – que não seja um doente terminal ou médico – pedir entrada no programa de morte assistida em nome do doente, essa pessoa pode ser condenada a prisão perpétua. Enquanto que qualquer outra pessoa que tente convencer o doente a entrar no programa também pode levar penas de até 5 anos de prisão. 

Médicos que recomendarem o programa para seus clientes também serão investigados. 

A tradutora Mara Reiffmann diz que é a favor. “Eu faria sim, e estou muito orgulhosa por morar em Vitória”

Já Silvia Krambeck, curadora de coleções de arte e patrimônio cultural, lembra que já se vê uma prática de administração de morfina para doentes terminais, ela acredita que a nova lei vai gerar mais diálogo:

“É uma prática controversa que já existe, acho que isso vai trazer essas e outras questões à luz.”

Mais de 40 mil moradores do estado de Vitória morrem todos os anos, desses cerca de 10 mil morrem sem acesso adequado ao sistema de cuidado paliativo. 

Só nos últimos 20 anos, mais de 50 tentativas para aprovar leis da eutanásia foram apresentadas por parlamentos de vários estados australianos, mas todas fracassaram, apesar do apoio popular chegar a 80 por cento.

Em novembro, a lei da eutanásia de Nova Gales do Sul não passou por causa de um voto.
Ouça entrevista com representantes das nossas comunidades sobre o impacto que a nova lei terá nas primeiras gerações de brasileiros vivendo na Austrália e também se são a favor ou contra.

Siga-nos no Facebook e Twitter.


Share