Jorge Jesus; do paraíso no Flamengo ao inferno no Benfica

Benfica manager Jorge Jesus

Source: Getty Images

O treinador português Jorge Jesus faz agora um ano no Benfica. Parecia ter chegado ao paraíso.Tinha levado o Flamengo à conquista do Brasileirão, da Copa do Brasil e, glória suprema, a Libertadores.


O Flamengo quis que Jesus continuasse no Rio, há sinais de que o técnico, tão bem tratado no Brasil, também queria, mas a corte à volta dele influenciou-o.

Jesus cedeu perante o argumento de que estaria no top 5 dos treinadores de futebol pelo mundo e que precisava de funcionar nos grandes palcos da Europa.

O presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, então em incerta campanha eleitoral, resolveu apostar tudo no regresso de Jesus ao Benfica, cinco anos depois de uma saída zangada, com o treinador a mudar-se para o rival Sporting.

Vieira fretou um avião para ir ao Brasil convencer Jesus.

Prometeu-lhe os jogadores que ele quisesse.

Jesus fez uma lista vasta, incluía vários do futebol brasileiro, Everton Cebolinha, Pedrinho, Lucas Veríssimo e outros para além de vários a jogar na Europa.

Houve acordo e Jesus voltou para treinador do Benfica.

Entrou em triunfo.

Na temporada anterior o Benfica tinha sido vice-campeão português, superado pelo Futebol Clube do Porto.

Na primeira declaração em Lisboa, Jesus prometeu que com ele o Benfica iria voltar a ser grande, iria arrasar em Portugal e na Europa. Anunciou que o Benfica ia jogar três vezes melhor do que na época passada.

Esta atual temporada começou sem que Jesus tivesse parte dos jogadores que tinha combinado com o presidente Vieira, como reforço.

O mercado estava caro para o Benfica, porque empresários e outros clubes sabiam que o clube tinha vendido João Félix ao Atlético de Madrid pela grande bolada financeira de 126 milhões de euros.

Resultou que o Benfica teve de investir somas à volta de 20 milhões para comprar o passe de jogadores de qualidade apenas média alta.

A temporada começou e a equipa nunca se encontrou.

Nem tinha jogo empolgante, nem conseguia grandes resultados.

A Champions era uma aposta forte, o Benfica foi cedo eliminado.

Seguiu-se a Taça da Liga portuguesa, o Benfica também ficou pelas semifinais.

O campeonato português que era objetivo principal passou a ambição suprema.

Problema: ao fim de 20 das 34 jornadas, o Benfica está em 4º lugar e, pior, a 15 pontos do líder que é o rival Sporting, treinado pelo jovem Rúben Amorim, antigo jogador de Jesus.

Em 20 jogos para o campeonato, o Benfica só ganhou 11, empatou 6 e perdeu 3.

O modesto Paços de Ferreira, em 5º lugar, está a apenas um ponto do Benfica.

Já não é só o campeonato português a parecer miragem, é mesmo a qualificação para a Champions da próxima temporada, prova que rende milhões como nenhuma outra, também em séria dificuldade.

O Benfica está neste momento a 4 pontos do 3º classificado, o Braga, a 5 do 2º, FC do Porto e a 15 do Sporting, líder invicto, em 20 jogos, 17 vitórias e 3 empates, com jogadores, cuja maioria vem das camadas jovens formadas no clube.

Resultado disto tudo Jorge Jesus, um ano depois do paraíso, está nos infernos.

Se houvesse público nas bancadas do estádio, os assobios seriam certamente de grande contestação.

Seja como for, nesta terça-feira, manchete no jornal Record: Presidente Vieira está desiludido e quer que Jesus saia. Não vai despedi-lo mas aceitará pedido de demissão.

Claro, o contrato fixa indemnização multimilionário para caso de despedimento.

Mas as coisas para Jesus e o Benfica parecem em declive.

O técnico é bem capaz de estar arrependido por ter trocado o Fla pelo Benfica que neste último domingo voltou a falhar, com um empate no campo de um dos últimos, o Farense. Nos últimos 5 jogos, o Benfica só ganhou um.


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