Milhões de pessoas irão às urnas - ou enviarão votos por correspondência - ainda este ano, para as eleições federais australianas de 2022.
Até agora, tudo permanece uma incógnita: quem serão os grandes vencedores e perdedores, e qual dos partidos irá o país após a contagem dos votos.
Mas uma coisa é certa: toda a gente elegível para votar está convidada a indicar as suas preferências até 21 de maio deste ano.
Aqui está o que precisa de saber sobre as eleições federais deste ano.
Qual é o dia de ir a votos?
O dia da eleição será num sábado, algures até ao final de maio, mas o momento exato depende do primeiro-ministro Scott Morrison. Quando Morrison quiser dar o pontapé de saída para a campanha eleitoral irá ao governador-geral, David Hurley, e solicitará a dissolução do parlamento e a emissão de mandados para a eleição.
Os mandados podem ser emitidos até 10 dias após a dissolução do parlamento.
"A Austrália tem mandatos máximos de três anos para a Câmara dos Deputados e, para o Senado, metade dos mandatos dos senadores estaduais expiram a 30 de junho, a cada três anos", diz Sarah Cameron, cientista política da Escola de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Sidney.
"Devido a esses parâmetros, a última data possível para uma eleição conjunta do meio-Senado e da Câmara dos Deputados é 21 de maio de 2022. Esta é a última data em que a eleição pode ser realizada para que os senadores possam iniciar os seus mandatos no dia 1 de julho deste ano."
O Orçamento federal de 2022 foi agendado para um pouco mais cedo do que é habitual - este ano será a 29 de março. Normalmente, é entregue na primeira terça-feira de maio.
Se o Orçamento federal for realizado conforme programado, de acordo com o publicado no website do Parlamento da Austrália, restam apenas três datas possíveis para as eleições: 7, 14 ou 21 de maio. Isso significa que as eleições precisaram ser convocadas em meados de abril. É possível que as eleições sejam convocadas antes disso, mas nesse caso o Orçamento precisará ser agendado para outra data também.
Prime Minister Scott Morrison on election night in 2019 at the Wentworth Sofitel Hotel. Source: AAP
Por é que algumas datas são mais prováveis?
Alguns sábados são melhores do que outros, diz Andy Marks, da Western Sydney University, principalmente porque os políticos não querem interromper os fins-de-semana prolongados. Isso exclui logo à partida os dias 16 e 23 de abril, para não coincidir com os fins-de-semana prolongados da Páscoa e do Dia do Anzac, respetivamente.
"Prever eleições, tanto em termos de resultados quanto de datas, é perigoso. Nos últimos anos, todos nós ficamos marcados por isso", diz Marks.
"Mas eu diria que a coalizão vá até ao fim do mandato. Então, acho que nada irá acontecer antes de maio. Também temos as férias da Páscoa, as comemorações do Anzac, tudo até abril, o que torna as coisas mais complicadas. Eles [os políticos] não gostam de interromper os fins-de-semana prolongados das pessoas."
Há também a eleição estadual do sul da Austrália prevista para 19 de março, que pode ser alterada mediante solicitação.
O que pode ajudar a definir a data?
Dado que Morrison tem o poder de decidir quando a votação será convocada, ele a fará quando a coalizão tiver mais probabilidade de vencer, diz Cameron.
"O que aconteceu durante o Verão com o surto de COVID-19 é que a aceitação do primeiro-ministro e do governo caiu", diz ela.
"Houve muita especulação de que o governo poderia convocar as eleições para o início do ano passado, e isso aconteceu porque a aceitação do governo estava em alta pois na época a Austrália estava a fazer um bom trabalho na gestão da pandemia da COVID-19 em comparação com outros países. Agora esse contexto mudou."
Source: Getty
A campanha ainda não começou?
Até podemos ser levados a pensar que sim, com todos os partidos a falarem sobre o que fariam se estivessem no poder em Canberra durante o Inverno.
Mas, embora os políticos sejam livres de anunciar as suas prioridades no caso de vencerem as eleições, a campanha eleitoral em si não começa oficialmente até que os mandados sejam emitidos. E podemos esperar que as coisas “aqueçam” à medida que se aproxima a data.
Cameron diz: "Os políticos podem começar a fazer campanha antes que a eleição seja convocada e, de fato, já podemos ver outdoors de campanha pela Austrália fora neste momento."
Como é que o COVID-19 afetará o processo?
A última eleição federal foi realizada em maio de 2019, antes da pandemia da COVID-19, que alterou quase todos os aspetos das nossas vidas nos últimos dois anos.
Embora não saibamos se isso acontecerá com certeza absoluta, prevê-se que uma eleição em tempo de COVID possa ver mais pessoas a votarem por correspondência, em vez de votarem presencialmente.
Isso poderá significar que a contagem dos votos levará mais tempo e, se a corrida estiver muito equilibrada, podemos não ver um vencedor “coroado” no dia da eleição.
Um dia de eleição seguro em contexto da pandemia também irá, provavelmente, significar check-ins de código QR para aqueles que comparecerem pessoalmente às urnas e, possivelmente, menos salsichas no churrasco comparativamente com as eleições de há três anos atrás.
A Comissão Eleitoral Australiana disse no final de janeiro que estava "a consultar regularmente as autoridades de saúde e ... tudo dependerá da situação da COVID no momento das eleições".
Pré-COVID, comícios e beijos aos bebés faziam parte do ambiente típico das campanhas dos partidos. Mas, tal como o próprio processo eleitoral, também a campanha que antecede a votação terá um tom diferente.
Cameron diz: "Independentemente da pandemia COVID-19, tem havido um aumento nas campanhas digitais ao longo do tempo, com a crescente importância das redes sociais e notícias online. Com a passagem do formato tradicional de campanha para a campanha online."
Podemos ir às urnas duas vezes este ano?
É possível que duas eleições sejam realizadas em 2022, com Cameron falando da possibilidade de "separar a eleição para a Câmara dos Deputados da do meio-Senado".
Mas ela acrescenta: "Isso é muito improvável. E a última vez que uma eleição apenas para o Senado foi realizada foi em 1970".
Se Morrison escolher essa opção, isso significaria ir a votos antes de maio para 40 dos 76 assentos no Senado, e depois ir a votos uma segunda vez no início de setembro, o mais tardar, para os 151 assentos na Câmara dos Deputados.
Quem está a concorrer à eleição?
Independentemente da votação ser separada ou não, todos os 151 membros da Câmara dos Deputados serão eleitos este ano.
Isso inclui os líderes do partido Scott Morrison (Liberal), Anthony Albanese (Trabalhista), Barnaby Joyce (Nacional) e Adam Bandt (Verdes), bem como os atuais ministros Josh Frydenberg, Peter Dutton e Karen Andrews.
Não inclui o ministro da Saúde, Greg Hunt, ou o ex-procurador-geral, Chrisitan Porter, que já disseram que não concorrerão à reeleição. Mas inclui a senadora trabalhista, Kristina Keneally, que deve concorrer como parlamentar pela sede de Fowler, no oeste de Sydney.
Do lado do Senado, entre os 40 que terão que concorrer novamente estão o ministro do Comércio, Simon Birmingham, a ministra das Relações Externas, Marise Payne, bem como Penny Wong, do Partido Trabalhista, e Pauline Hanson, do One Nation.
E a inscrição eleitoral?
A AEC disse no mês passado que 96% dos australianos elegíveis (17 milhões de pessoas) estavam registados para votar, e que estava a entrar em contato com os 560.000 que podem não constar dos cadernos eleitorais. O comissário eleitoral, Tom Rogers, disse: “Temos uma das taxas de inscrição mais altas do mundo e permaneceu notavelmente alta entre as eleições – é um crédito para os australianos e uma base incrivelmente forte para a participação democrática. Estamos sempre a procurar aumentar esse número, especialmente com uma eleição federal nos próximos meses.”
As inscrições devem ser atuais e alteradas para refletir um novo endereço ou nome. A sua inscrição pode ser alterada aqui: .