Uma semana depois das eleições o Partido Socialista vai anunciar dentro de duas semanas o novo governo, reforçado, agora com maioria absoluta a apoiá-lo no parlamento e com milhares de milhões de euros em apoio europeu para a recuperação do país depois da pandemia.
O PSD perdeu, não muito, de acordo com os números, mas muitíssimo politicamente. Fica mais enfraquecido. Vai demorar tempo a recompor-se e a encontrar nova liderança, com o atual líder, Rui Rio, já demissionário.
O mais provável é que haja metamorfose no quadro da direita em Portugal. Até porque a inexorável derrota do CDS, assim como as vitórias parciais - crescimento em número de deputados - do Chega e dos Liberais, abriram a questão da reorganização das direitas. A direita está fragmentada e anémica, à procura de rumo. Sem base social, descrente, o centro-direita está incapaz de iniciativa. Quanto à direita radical, nacionalista mostra-se interessada e pronta a ser integrada no sistema.
Os partidos mais radicais da esquerda, o PCP e o Bloco, estão derrotados e aparentemente sem recuperação no tempo mais próximo. Vão provavelmente retomar manifestações de protesto na rua.
Os eleitores portugueses escolheram a continuidade com o governo progressista do PS. É facto que Portugal precisa de reformas em áreas como a Justiça e o relançamento da produtividade económica, o PS tem agora condições políticas ideais para conduzir essas reformas, resta saber se vai fazê-lo.