As teleconsultas -- ou telehealth, em inglês -- estão se tornando uma norma, com os pacientes cada vez mais optando falar com o clínico-geral de maneira online ou por telefone.
Dados do Service Australia mostram que o número de usuários de teleconsultas saltou de 1.3 milhão em março para 5.8 milhões em abril deste ano.
O clínico-geral Dr. Billy Stoupas diz que a teleconsulta minimiza os riscos do paciente e da equipe médica de contrair coronavírus. Mas ele acredita que idosos de comunidades multiculturais não têm acessado o serviço gratuito por não estarem cientes da possibilidade.
"O fato é que eles simplesmente não sabiam que isso existia. De qualquer forma, fazemos por telefone com muitos de nossos pacientes, e eles realmente apreciam isso. Mas o fato é que agora podemos fazer a consulta de maneira mais estruturada, eles podem marcar uma consulta onde o médico liga para eles".
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Ela explica que as teleconsultas gratuitas ou cobradas podem ser feitas pelo telefone ou bate-papo por vídeo no seu dispositivo. Se privacidade for um problema, você pode se conectar usando fones de ouvido.
"Quando agendar uma consulta, a clínica perguntará se você precisa ter uma consulta presencial, ou se prefere uma ligação ou consulta em vídeo. As consultas de vídeo são um pouco mais complicadas, onde o seu GP (clínico-geral) envia um link para você. Basta clicar no link que você vai vê-lo enquanto conversa. O truque é realmente garantir que você estar em um lugar silencioso com uma boa conexão com a internet. E se a sua visão não for boa, usar um dispositivo maior funciona bem".
O Dr. Billy também lembra ser importante que o clínico-geral tenha seu número correto. Também é recomendável preparar uma lista de perguntas com antecedência para discutir com seu médico.
"Provavelmente o maior erro é ligar para a clínica e pedir para falar com o médico. Isso infelizmente nem sempre vai acontecer. Nós nem sempre temos essa disponibilidade."
Como um em cada cinco australianos falam outra língua que não o inglês em casa, o Dr. Billy diz que os pacientes podem procurar um clínico-geral que fale português em sites de busca médica, como o .
As clínicas médicas costumam contratar o Serviço de Tradução e Interpretação (TIS National), que é fornecido pelo Departamento de Assuntos Internos com intérpretes em mais de 160 idiomas em toda a Austrália. A maioria deste serviço é gratuito e está disponível 24 horas por dia.
O TIS informa que atualmente fornece apenas interpretação de áudio em teleconsultas. No entanto, o orgão trabalha para disponibilizar provedores de serviço de saúde que contratem um intérprete para consultas em vídeo a partir de agosto.
Dr. Billy diz ser comum que pacientes solicitem um intérprete durante as consultas médicas, que funcionam como uma teleconferência em que médico, paciente e intérprete podem conversar juntos, traduzir e interpretar conforme necessário.
"Se o paciente agendou uma teleconsulta, vamos contatar um intérprete via telefone, e vamos contatar o paciente em conferência. Nós três vamos falar juntos, e eles vão traduzir o quanto for necessário. Pedimos que marque uma consulta mais longa para que tudo seja checado e esteja entendido corretamente".
As clínicas médicas têm aprimorado seus serviços remotos, diz a Dra. Singleton. Os pacientes não precisam mais estarem presentes fisicamente com o clínico-geral para o encaminhamento de exames médicos, como exames de sangue, raio-X ou ultrassonografia.
"Exames de sangue, raio-X ou ultrassom, o que fazemos agora é mandar a indicação diretamente para o lugar em que você vai fazer o exame. Nós organizamos a consulta diretamente, você só precisa estar lá na hora certa".
Obter a medicação também é mais conveniente que em tempos pré-COVID-19, com clínicos-gerais enviando os pedidos diretamente para as farmácias.
"Muitos de nós estamos fazendo prescrições eletrônicas, enviando diretamente para as farmácias. Várias delas estão entregando remédios diretamente para pessoas com maior risco, ou que não se sentem seguras de sair por aí. Se a pessoa quiser ir até a farmácia, é só ir lá e pegar o pacote pronto."
O Dr. Stoupas recomenda o uso de seu próprio dispositivo de monitoramento, como o aparelho de pressão arterial (se você tiver um), para fornecer ao seu médico informações adicionais na teleconsulta.
"Se você tiver algum equipamento, como o de medir a pressão arterial, seria fantástico, pois teríamos um nível extra de informação."
A teleconsulta também se tornou uma alternativa importante para pessoas que enfrentam problemas de saúde mental durante o coronavírus.
Estatísticas do Beyond Blue mostram que, antes do COVID-19, de 10% a 15% dos idosos vivenciavam uma depressão, enquanto 10% tiveram sintomas de ansiedade. A probabilidade de depressão aumenta para 35% entre idosos que vivem sob cuidados em residenciais para idosos.
A aceitação das teleconsultas foi lenta depois do COVID-19. De acordo com as estatísticas do Medicare da Services Australia, apenas 66 mil das 2.4 milhões de consultas a psiquiatras em 2018 e 2019 envolviam teleconsultas.
No entanto, somente em abril deste ano, 52% de todas as consultas de saúde mental foram realizadas não-presencialmente.Hoje em dia, o psiquiatra Sanjay Khanna, sediado em Perth, passa boa parte de seu tempo prestando assistência à saúde mental a idosos durante a pandemia de coronavírus.
Source: SBS
Ele crê que profissionais da saúde mental que entendam a linguagem e a cultura de seus clientes podem ajudá-los melhor quanto a depressão, especialmente em meio ao COVID-19 em teleconsulta.
"Se alguém pode entender sua língua, sua emoção e sua cultura, a depressão pode ser melhor compreendida em uma teleconsulta. Durante o COVID, há muito estresse extra. Eu já atendi um casal de idosos que veio para a Austrália ver os filhos e que acabaram obrigados a ficar no país por conta do surto de COVID. O visto deles venceu e tiveram que gastar muito dinheiro para voltar ao país de origem. E as coisas foram piorando".
Apesar da capacidade do Dr. Khanna de confersar em urdu, hindi, punjabi e inglês, a maioria de seus clientes não é de origem multicultural, pois há muita vergonha e estigma em falar sobre a saúde mental.
"Eventualmente sugiro que, mesmo que você me veja em público na comunidade, se não quiser, não me reconheça. Pois é uma regra totalmente diferente quando estamos sentados nesta sala."
De acordo com o Dr. Khana, enquanto os pacientes gostam mais de ver seus médicos de clínica-geral de mesma origem que eles, isto não costuma ocorrer quando o assunto é saúde mental, embora os médicos sejam obrigados pela lei australiana a manter a confidencialidade de seus clientes.
"Eu tenho um paciente de uma comunidade muito pequena, com muito poucas pessoas vivendo na Austrália Ocidental deste povo. E ele estava muito preocupado. Então tive que reassegurar as questões de confidencialidade, e como nós trabalhamos com saúde mental, ninguém vai ficar sabendo do problema".
Muitos dos clientes do Dr. Khana são de comunidades rurais ou remotas de outros estados ou territórios que não têm acesso a psiquiatras que falam seu idioma. Ele recomenda que seus pacientes façam um teste antes da sessão, para evitar problemas técnicos. Ele recomenda contar com uma pessoa de apoio, como um enfermeiro, um clínico-geral ou um parente de confiança durante a teleconsulta, se necessário.
"É porque já me deparei com uma pessoa idosa que ficou muito angustiada durante a conferência. Eles não sabem onde olhar para a câmera, ou para onde estão olhando, ou começam a gritar, ou não falam nada. Portanto, é muito importante uma espécie de ensaio para deixá-los menos ansiosos. É claro, se estão conversando com uma pessoa que pode entender a língua deles, pode ficar ainda mais fácil".
A Dra. Singleton incentiva as pessoas que falam com seus médicos pela primeira vez em teleconsulta a verificar se há algum custo associado. O clínico-geral pode ajudá-los a elaborar um plano de assistência a saúde mental que lhes permita acessar 10 sessões de terapia subsidiadas pelo governo, totalmente ou parcialmente.
"As pessoas que têm plano de saúde mental podem procurar um psicólogo particular que cobre apenas uma parte, ou só a taxa do governo (o chamado "bulk billing"), para que haja um bom número de opções de psicólogos. Depende do tipo de serviço que você tenta acessar".
A Dra. Gillian diz que, embora a teleconsulta não substitua completamente as consultas físicas, é incrível o que você pode conseguir à distância.
"De qualquer maneira, sempre fomos ensinados na faculdade de medicina que 90% de uma consulta está em um bom relato, e apenas 10% são exames físicos."
De qualquer forma, o Dr. Stoupas recomenda que se consulte um clínico-geral perto de você, mesmo que seja uma teleconsulta.
"Se você estiver ligando para um clínico-geral para uma cidade distante, é improvável que você consiga vê-lo nos próximos dias."
Os médicos da Austrália seguem rigorosas diretrizes de distanciamento social e higiene para reduzir os riscos de infecção por coronavírus.
Com a probabilidade de mais surtos ocorrerem, a Dra. Singleton recomenda que os pacientes não adiem suas consultas médicas por conta do medo de contrair a Sars-Cov-2.
"Agora com o que está acontecendo em Melbourne, parece que muitos de nós voltaremos para a teleconsulta. Mas ainda estamos conscientes com o fato de que muitas pessoas precisam ter acesso a tratamento. Há coisas que você pode adiar um pouco, mas, se adiar por muito tempo, pode ser um grande problema. Ligue para seu médico de família se você precisa tirar sua pressão arterial ou medir o colesterol. Verifique se está negligenciando os cuidados com a saúde que precisa".
As pessoas na Austrália devem ficar pelo menos a um metro e meio de distância dos outros. Confira os limites no seu estado ou território para o número máximo de pessoas em encontros e reuniões.
Os testes para o coronavírus estão agora amplamente disponíveis em toda a Austrália. Se você tem sintomas de resfriado ou de gripe, organize um teste ligando para o seu médico ou para a Linha Direta Nacional do Coronavírus no número 1800 020 080.
O App COVIDSafe do governo federal, para rastrear o coronavírus, está disponível para baixar na 'app store' do seu telefone.
A SBS traz as últimas informações sobre o COVID-19 para as diversas comunidades na Austrália. Notícias e informações estão disponíveis em 63 línguas no
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