Lesley Loko tem dupla nacionalidade, ganesa e escocesa, mas assume-se maioritariamente africana, ganesa.
Lecciona em londres, em Chicago e em Joanesburgo, tem por base Accra, a capital do Gana, onde dirige – uma academia, o Instituto Africano para o Futuro.
Este foco tem tudo a ver com o que ela acaba de explicar como tema para a bienal de arquitetura de veneza - no ano que vem 2023: Laboratório do Futuro.
E o que ela apresentou dá que pensar: começou por constatar que o mundo hoje está menos estável e seguro não apenas do que estava há 3 anos mas – do que estava há 3 meses.
Há escalada de tensões entre nações e povos, sente-se cada vez mais nós de um lado e os outros – de outro lado.
Há tensões geopolíticas e em várias regiões do mundo cresce a tensão (de que muitos ainda não se aperceberam) criada pelas alterações climáticas
A curadora Lesley Loko pretende que a Bienal de Arquitetura no ano que vem seja uma ocasião – prolongada, 6 meses - para refletir, recriar, reconstruir o modo como desejamos viver
Ela insiste: os arquitetos, os urbanistas os sociólogos precisam focar em cuidar dos desejos das pessoas – aquilo a que aspiram, aquilo de que necessitam
Nota que, provavelmente, em muitos casos, coisas muito simples – pode ser mais janelas ou um jardim ou uma horta perto de casa
Lesley Loko propõe – e quer fazê-lo na Bienal do ano que vem olhar o mundo – e pensá-lo – a partir da lente africana. Ela, africana, assume:
África costuma ser exemplo de tudo o que a Europa não quer ser: é pobre, é caótica, é corrupta, é negra no entanto – no sentido antropológico – todos somos africanos – todos descendemos de África – é lá que apareceram os primeiros seres humanos
Se é em África que convergem e se fundem as questões de recursos, de desigualdade, de raça, também de medo e tambem de esperança.
Então olhemos para África como ponto de partida para pensar a resolução de problemas.
Há um exemplo, o Pritzker deste ano, ou seja o Nobel da arquitetura deste ano.
Francis Kere (um arquiteto do Burkina Faso) que nasceu numa aldeia sem eletricidade, sem água canalizada e sem esgotos, com casas e escolas (poucas) expostas a calor abrasador e ele, em harmonia com a natureza, com persistente vontade de melhorar a vida das pessoas tratou de estudar soluções simples para dar mais conforto – mais bem estar – às pessoas, com baixíssimos custos, com recurso a materiais locais – conseguiu tanto que foi premiado com a maxima distinção da arquitetura.
Então – propõe a curadora da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023:
"Tratemos de analisar as soluções encontradas pelos inovadores e para melhor vida das pessoas – particularmente as mais pobres."
Ela insiste – o mundo que passa por ser rico tem demasiada infelicidade – precisa de reflexão, reinvenção, reconstrução.
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