É um grande edifício de uma zona da baixa lisboeta ribeirinha do rio Tejo, um território em grande revitalização - a “zona 24 de Julho/Cais do Sodré” -, com o muito frequentado Mercado da Ribeira, com umas 40 bancas com diferentes variedades da gastronomia e dos vinhos, e ruas pedonais repletas de sofisticados bares e restaurantes, para todos os preços.
O edifício da EDP em aço e vidro, é o mais corpulento, embora pareça leve. Domina a paisagem com o rio pela frente.
É um edifício que se levanta em lâminas e que se encaixa na paisagem que tem nas traseiras a colina que leva ao Chiado.
Toda a estrutura abre-se numa praça para uso do peão.
A construção, toda em branco, em várias escalas procura uma espécie de ligeireza. Procura a grande transparência à escala cidade-rio; levanta-se do chão nos dois lados da praça que faz de ventre do edifício.
Este edifício da EDP é uma das principais obras em Portugal do arquiteto Manuel Aires Mateus, agora distinguido com um dos dois principais prémios à criação em Portugal, o Prémio Pessoa - o outro é o Camões.
O Pessoa, é atribuído por grupos privados, designadamente o jornal Expresso, o Camões é o prémio de um júri escolhido pelo Estado.
O arquitecto Manuel Aires Mateus, 54 anos, já era vencdor de vários concursos de arquitectura no estrangeiro, o que lhe permitiu a internacionalização da sua obra. Desenhou a Faculdade de Arquitectura de Tournai, na Bélgica, ou o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, em Tours, França.
Entre os trabalhos que o seu atelier tem atualmente em mãos estão o Museu de Design de Lausanne, na Suíça, recuperando uma antiga gare ferroviária e uma mesquita em Bordéus, França.
Aires Mateus representa uma nova vaga da muito considerada arquitetura portuguesa. Houve um mestre, Fernando Távora, que teve entre os seus pares Nuno Teotónio Pereira e Gonçalo Byrne. Depois, os consagradíssimos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura, ambos a continuarem muito empreendedores e distinguidos, em anos diferentes, com o Pritzker, prémio internacional que é considerado como o Nobel da arquitetura.
Há em Portugal uma geração seguinte de arquitetos, como Carrilho da Graça e o agora premiado Manuel Aires Mateus
Sobre Manuel Aires Mateus, o júri do Prémio Pessoa 2017 afirma: “A sua arquitetura é moderna, abstrata e contemporânea, mas parte de uma recolha de formas e materiais vernaculares portugueses, que integra de um modo exemplar.
A construção de formas e volumes é feita com um caráter inovador, por subtração de matéria, esculpindo vazios, contrariando assim o sentido clássico do projetar.
Na obra doméstica e na recuperação de edifício é raro provocar ruturas, mas não cede a mimetismos fáceis, conseguindo estabelecer uma continuidade entre passado e atualidade”.
Acrescente-se a concluir: Aires Mateus refresca o legado de Álvaro Siza Vieira e abre novos horizontes à prática da arquitectura com marca portuguesa para o mundo, impelindo à transformação refrescada da cidade e do território.