Entre os 29 escritores que aceitaram, a muito idolatrada e premiada canadiana, Margareth Atwood, a franco marroquina Leila Slimani, que já é nome principal da escrita em francês também corresponderam o irlandês Colm Toibin, o italiano Paolo Giordano e entre a quase trintena de escritores convidados – e que aceitaram – o moçambicano Mia Couto.
Título escolhido por Mia para este conto que escreveu ‘O gentil ladrão’.
É a história de um velho ainda mais só nos tempos de solidão pla pandemia – a quem acontece algo que não acontecia há muito – receber uma visita, um homem definido como afável, voz doce e olhar delicado, mas de quem o velho desconfia.
O modo como este velho se apresenta, no relato de Mia Couto – vale como retrato dos efeitos da pobreza e da saúde em Moçambique….
“Quase morri de varíola. A minha esposa morreu de tuberculose,. A malária roubou-me o meu único filho, fui eu que o enterrei sozinho. Os meus vizinhos morreram de sida, nunca ninguém quis saber. A minha falecida mulher dizia que a culpa era nossa porque escolhemos viver longe dos lugares onde há hospitais.”
A ficção escrita por Mia Couto – espelha a realidade que entretanto tem evoluções. A sida flagelou Moçambique – mas muitos esforços transformaram-na em doença crónica.
A tuberculose está a ser dominada. A malária – ou paludismo – continua, só no ano passado, mais de 500 mil casos.
Tinham sido 400 mil no ano anterior a mortalidade associada à malária está a diminuir.
Mas esta continua a ser a maior causa de mortalidade infantil em moçambique – como em muitos outros países do mundo mais pobre.
Por toda a parte multiplicam-se esforços – para atalhar a mortalidade da doença parasitária transmitida pla picada do mosquito ANOPHELES.
Os números da OMS dizem-nos que em 2019 – 228 milhões de pessoas - plo mundo -sofreram de malária – e quatrocentas mil morreram – grande parte – crianças.
90% dos casos de malária ocorrem na África sub-sahariana. Moçambique é um dos países mais flagelados por este mal. Entre as equipas de cientistas que plo mundo tratam de descobrir modos de combater a malária -. Há vanguardas portuguesas, a investigadora Maria Manuel Mota – primeiro no Instituto Gulbenkian de Ciencia, agora no Instituto de Medicina Molecular, tem o esforço de mais de 20 anos recompensado com grandes progressos – a abrir possibilidades para medicamentos antimaláricos agora – precisamente no coração de Moçambique.
Em Mopeia – lugar de difícil acesso no interior da província da Zambézia – com vastos campos de milho e arrozais todas as 150 mil pessoas da cidade e da região rural.
Já estão a participar num teste promovido plo ISG – Instituto de Saúde Global, de Barcelona.
A equipa de investigadores está financiada com 21 milhões de euro e o que se pretende é verificar a eficácia de um fármaco. Já conhecido como antiparasitário – a ivermectina (é prescrito 1 comprimido por mês durante 3 meses), o plano – não visa imediatamente a cura de pessoa picada – mas a eliminação do mosquito que pica.
Esta equipa sustenta que – o mosquito ao picar uma pessoa com ivermectina no sangue – fica afetado, morre logo a seguir o que está em avaliação é se a administração de ivermectina a toda a população de uma zona com alta incidência do mosquito anófeles – a que se junta a pulverização dos campos e a proteção das casas através da fumigação e de redes mosquiteiras – permite a redução expressiva das possibilidades de ataque por esses mosquitos.
O projeto também prevê administrar a ivermectina ao gado - sempre muito procurado e picado plos mosquitos.
É uma das muitas armas que estão a ser exploradas – sendo que a vacina – segura, eficaz, acessível a todos – é a grande aspiração para a erradicação desta tormenta da malária.
A Europa e a América do Norte conseguiram livrar-se dos casos que proliferavam há um século agora o combate é para conseguir o mesmo em áfrica e na américa do Sul.. de um lado o Brasil – do outro, a Nigéria, o niger, a costa do marfim, a republica do congo, o uganda – e Moçambique, países mais atormentados por este mal que tanto asfixia, sobretudo crianças – e que italianos antigos batizaram como mau – a – mal aria – e ficou malária.