Para muitos a arte de fotografar o nu é sempre um desafio, mas para a fotógrafa e jornalista Olivia Nachle, 31 anos, expor as mulheres, seus corpos, medos, inseguranças e mostrar sua incrível força é mais do que um trabalho, é algo que surgiu naturalmente.
“Eu tinha 20 anos quando fotografei a primeira mulher nua na minha frente. O que me levou a querer fazer isso foi uma sensação que berrava dentro de mim me dizendo que tinha todo um universo ali pra eu explorar.“Cada mulher que fotografei me ensinou um tanto sobre mim mesma. Já foram mais de 150 corpos pelados na minha frente e hoje posso dizer com toda a certeza que nós, mulheres, carregamos camadas na frente dos nossos olhos que não deixam a gente se ver como realmente somos.
Da coleção de imagens premiadas que retratam os cinco elementos: “Ar” (Rio de Janeiro, 2015) Source: olivianachle.com
A gente olha no espelho e vê todas as críticas, julgamentos, inseguranças, baixo-estima
Olivia viu no prêmio ‘Moments Captured’, da wildbear e sonyaustralia, uma oportunidade de auxiliar na realização do sonho de uma exposição sensorial e lançamento de seu livro explorando os cinco elementos (água, terra, fogo, ar e éter) e sua relação com o nu feminino. “Me inscrevi no prêmio na última hora. Minha ideia era jogar o ‘Ethereal’ que é esse projeto que venho criando desde 2015 para o mundo. Selecionei uma foto de cada elemento e submeti para a competição, sabendo do potencial, mas sem muitas expectativas. A única intenção era me trazer energia pra movimentar os planos maiores que tenho pra esse projeto uma exposição sensorial e um livro. Inspirada estou!”.
“Éter” (Byron Bay, Austrália, 2019) Source: olivianachle.com
A notícia que tirou em primeiro lugar foi surpreendente mas mais do que nunca provou que ela está no caminho certo. “Quanto mais eu fotografo mulheres, mais eu entendo a importância desse processo de abrir o coração para amar nosso corpo, tão único, que é o templo para essa experiência de estarmos vivos. Fui mergulhando fundo no que a energia feminina significa e como é vital que nós, como humanidade, trabalhemos ela para chegarmos em equilíbrio novamente.
“Fogo” (Rio de Janeiro, 2015) Source: olivianachle.com
Olivia Nachle: “Cada mulher que fotografei me ensinou um tanto sobre mim mesma" Source: olivianachle.com
“Por energia feminina eu me refiro a esse lado do ser humano que é mais intuitivo, emocional, sutil (diferente da energia masculina de ação, força, poder). Ambas são importantes, mas vivemos em desequilíbrio atualmente e sinto que esse trabalho de fotografar mulheres entregues sem suas camadas [de medos, inseguranças, preocupações] ontribui para ativar essa tão importante energia feminina.“On the road
“Água” (Ilhabela, São Paulo, 2015): mulheres nuas e sua poderosa relação com a natureza Source: olivianachle.com
Olívia nasceu em São Paulo onde morou até os 21 anos, após concluir dois diplomas universitários de Jornalismo e Gestão de Políticas Públicas. Depois morou por mais 8 anos no Rio de Janeiro. “Até tomar coragem de me jogar no mundo e viajar um pouco. Fui pra Indonésia passar um mês e isso acabou se tornando 2 anos. Nesse meio tempo, fiquei entre Bali e Austrália, viajando e me auto-conhecendo,” conta. Em 2019, Olivia voltou ao Brasil onde produziu duas séries de viagens. Até resolver voltar para a Austrália em janeiro de 2020. “Era para eu ficar aqui por 3 meses e depois viajar mais, mas a pandemia começou e acabei mergulhando numa oportunidade de estudar filme na SAE, Creative Media Institute, aqui em Byron Bay - ganhei uma bolsa parcial do governo australiano e aqui estou até hoje.”
"Quanto mais eu fotografo mulheres, mais eu entendo a importância desse processo de abrir o coração para amar nosso corpo," diz Olivia Nachle Source: olivianachle.com
Olivia diz que nunca está trabalhando em um só projeto. “Sou fotógrafa, jornalista, trabalho muito co-criando experiências e agora também trabalho com filmes. A fotografia tem sido parte fundamental da minha vida desde que eu tenho 18 anos, mas nos últimos anos, desde que voltei pra Austrália e que a pandemia começou, tem sido tudo muito instável. Trabalho também num café alguns dias por semana, às vezes trabalho nanny - mas o plano é conseguir migrar e viver única e exclusivamente da foto e do filme.”
"Nós, mulheres, carregamos camadas na frente dos nossos olhos que não deixam a gente se ver como realmente somos. A gente olha no espelho e vê todas as críticas" Source: olivianachle.com