Os primeiros aborígenes da Austrália não chegaram a esta área por acidente, cerca de 50.000 anos atrás. Eram parte de uma migração em larga escala de exploradores marítimos, de acordo com um estudo divulgado na última segunda-feira (21).
Os pesquisadores usaram técnicas sofisticadas de simulação marítima, semelhantes às utilizadas para procurar o avião MH370 desaparecido em 2014, em combinação com dados genéticos para recriar o deslocamento provável dos primeiros habitantes da Austrália, de acordo com um comunicado da James Cook University (JCU, sigla em inglês) que participaram do estudo.
Foram recriadas centenas de viagem das possíveis rotas dos seus navios a partir de três locais nas ilhas de Timor e Rotiómo. Os primeiros habitantes da Austrália teriam conhecimento marítimo que lhes permitiu mover-se do sudeste da Ásia entre as ilhas de Timor e Roti (Indonésia), levando em conta elementos como ventos, correntes oceânicas e remo.
"Nosso resultado mostra que a colonização da Austrália não foi um acidente", disse Michael Bird, principal investigador e acadêmico da James Cook University (JCU).
"O modelo mostra que a deriva acidental era um elemento improvável no sucesso da travessia e chegada na costa noroeste agora submersa (da Austrália) e, em vez disso, foi uma viagem deliberada de barco", disse Bird em um comunicado da JCU.
O estudo fornece novas evidências de que os primeiros nativos que colonizaram o continente 50.000 anos atrás fizwram isso por meio de uma viagem marítima planejada e coordenada.
Os resultados genéticos sugerem ainda que até duas centenas de pessoas fizeram a viagem através de uma cadeia de mais de 100 ilhas habitáveis, que agora estão submersas na costa de Kimberley, no noroeste da Austrália.
Sean Ulm, do Conselho Australiano de Pesquisa, que participou do estudo publicado na revista Quaternary Science Reviews, comentou sobre as capacidades marítimas dos primeiros habitantes da Austrália.
"As viagens com esse propósito nesta escala são baseadas na capacidade de conhecimento e técnicas linguísticas avançadas", disse ele especificando que, em seguida, teria exigido "tecnologia de construção naval e de navegação bem desenvolvida, além de partilha de informação e planejamento para o mar aberto por até uma semana".
