'Utilizei todas minhas economias no início da pandemia'

Carlos Eduardo: 'Utilizei todas minhas economias no início da pandemia. o cenário me deixou apreensivo'

Carlos Eduardo: 'Utilizei todas minhas economias no início da pandemia. o cenário me deixou apreensivo' Source: Supplied

O programa de moradia provisória do governo em Nova Gales do Sul tem ajudado estudantes brasileiros a passar pelo pior da crise do coronavírus


A pandemia do coronavírus dificultou a vida de muita gente, especialmente de estudantes estrangeiros, que dependem de empregos que praticamente desapareceram nos últimos meses na Austrália.

Carlos Eduardo Caires Martins, de 28 anos, é um dos brasileiros afetados. A ajuda veio depois que ele tinha torrado suas reservas para se manter na Austrália. 

“Fui afetado diretamente perdendo meu trabalho. Utilizei todas minhas economias no início da pandemia e após 5 meses o cenário me deixou apreensivo, afinal, a Austrália está entre os 10 lugares com o custo de vida mais caro do mundo.”

Rayan Tanuri, de 23 anos, viveu situação parecida.
“Todas as oportunidades de trabalho são casuais e todo o dinheiro que ganhei foi para necessidades de sobrevivência, como comida e acomodação. Então, é um momento incerto que preciso lidar com meus estudos, situação financeira e vida social."
Thaio Tomazetti é empresário da indústria de acomodações em Sydney. Ele viu de perto o sufoco que os estudantes brasileiros passaram quando a crise do coronavírus começou. E ele também teve que se adaptar a este contexto.

“No início de março, a cidade começou a fechar e muitas pessoas perderam o emprego. E é lógico, os estudantes passam a não ter dinheiro para pagar a acomodação. Minha empresa começou a promover essa ajuda para os estudantes internacionais. Com isso, conseguimos algumas acomodações a um preço muito mais barato que os estudantes estavam pagando, e conseguimos essa parceria com o governo, onde estamos oferecendo acomodação gratuita de 3 a 5 meses em NSW.

Segundo Thaio, oito empresas foram selecionadas e aprovadas em Nova Gales do Sul. Ele afirma que, pela sua empresa, 4 mil estudantes já passaram pelo programa. 

“O governo dá um subsídio para as empresas, que tiveram que acordar em contrato em arcar com o restante do valor da acomodação. Cada empresa tem um valor para entrar com a diferença. O estudante não paga nada. O governo passa esse dinheiro diretamente para as empresas. O estudante faz a ‘aplicação’ online e, uma vez aprovado, ele é selecionado para uma das empresas aprovadas.”

Tanto Carlos Eduardo Caires Martins quanto Rayan Tanuri estão neste programa do governo, através da empresa de Tomazetti.
Thaio Tomazetti: "Muito dos subempregos, das empresas de limpeza, cafés, muitos voltaram e estão até com dificuldades em contratar".
Thaio Tomazetti: “A gente trabalha com expectativa e com realidade. A expectativa é reabrir em julho do ano que vem. A realidade, para o Brasil, deve ser mais para o fim do ano.” Source: Supplied
“O auxílio do governo está ajudando muito. Eu posso ficar aqui em Sydney com menos preocupação e focar nos estudos", diz Rayan.

Thaio Tomazzetti diz enxergar já uma melhora considerável no mercado que emprega diretamente estudantes internacionais. 

“Muito dos subempregos, das pessoas que trabalham com empresas, em cafés, muitos voltaram, vejo até empresas de limpeza com dificuldades para contratar, cafés com dificuldades em encontrar gente pra fazer café. E com isso já deu pra observar que os salários subiram um pouquinho.” 

A pressão feita via imprensa e redes sociais foi importante para fazer o governo australiano atuar para auxiliar os que não tem isto permanente no país. 

“A Austrália vê a importância do estudante internacional. A fronteira fechada afetou o mercado imobiliário como um todo. Se você corta uma coisa, acaba afetando vários outros setores que não estão ligados com o setor de educação”, diz Thayo.

Mas ele não tem esperanças de que as fronteiras australianas sejam reabertas logo para o Brasil. 

“A gente trabalha com expectativa e com realidade. A expectativa é reabrir em julho do ano que vem. A realidade, para o Brasil, deve ser mais para o fim do ano.”

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