Singapura fecha acordo com Timor para construção de resort de luxo; moradores em limbo

Singapure to built resort in Timor, artists impression

Resort de luxo em Timor: centenas de moradores em Tasi Tolu vão ter que deixar suas casas e até agora não sabem para onde ir Source: Pelican Paradise Group

O maior investimento já feito em Timor está avaliado em AU$969 milhões. O resort de luxo ocupará 550 hectares (equivalente a 550 campos de futebol) em Tasi-Tolu e Tibar, a oeste da caital Dili. Mas há controvérsia sobre o impacto ambiental e social do empreendimento - com moradores, a serem despejados para dar lugar à construção de hotel cinco estrelas, campo de golfe, lotes residenciais, centros comerciais e hospital.


O mega-projeto turístico acaba de ser assinado entre o governo de Timor Leste e o investidor, o Pelican Paradise Group, com sede em Singapura.

O projeto começou a ser negociado em 2008. Os 13 anos que demorou a negociação atestam a complexidade do que está em causa.

A concretização deste projeto implica deslocar pessoas que, embora sem título de propriedade, montaram casa para habitação nos cerca de 550 hectares (portanto uma extensão vastíssima equivalente a 550 campos de futebol) onde o resort turístico vai ser instalado.

É na zona entre Tasi Tolu e Tibar.

Há a séria questão social e política: que horizonte para as pessoas que ao longo destes anos se instalaram (embora em modo sem enquadramento legal) naquela terra que agora vai virar um sofisticado centro turístico.

Há expectativa da parte dos agora despejados que o poder político, designadamente perante tão avultado negócio, possa promover alternativas para habitação dessas pessoas que até agora não têm para onde ir.
O projeto inclui nesses 550 hectares unidades hoteleiras, um campo de golfe, lotes residenciais, um centro de desenvolvimento para jovens, uma escola internacional, um hospital internacional e centros comerciais, com uma área de construção de 12%, numa zona que contratualmente deve ficar marcada por espaços verdes, grandes espaços de reflorestação e jardins.

O grupo Pelican decidiu dividir o vasto terreno em 19 lotes. A intervenção e construção avançará de modo progressivo.

Na primeira fase, imediata, numa zona com cerca de 4 hectares, portanto menos de 1% do complexo, vai avançar a construção de residências hoteleiras e apartamentos.

Essa fase não afetará os moradores locais, "mas em um futuro próximo o governo negociará com os moradores para relocá-los para outras áreas," disse Fidelis Leite Magalhães, Ministro da Economia de Timor Leste.
O espaço do resort é arrendado pelo Estado timorense ao investidor da Singapura.

José Edmundo Caetano, vice-ministro da Justiça de Timor confirmou que o acordo inclui o arrendamento durante 50 anos desses 550 hectares de terrenos do Estado, divididos em 19 lotes, por um valor anual de cerca de US$1,3 milhões, com o contrato a ser renovável por mais 49 anos.
Uma das intervenções necessárias é a elevação do terreno para assim procurar evitar o risco de cheias a que aquela porção de terreno está exposta.

O acordo de investimento também prevê a construção imediata de uma estrada que ligará o resort ao aeroporto e à cidade de Dilí.

É uma intervenção de turismo de luxo que vai necessariamente transformar a paisagem e as condições de vida naquela zona ocidental de Dilí.

Há expectativa sobre quais poderão ser as respostas sociais a quem teve de ficar sem casa – ainda que em terreno que tinha ocupado em tempos em que tudo isso ainda parecia possível.  

Versão online: Luciana Fraguas


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