Ano novo, vida nova. Será possível?
Muita gente aproveita a virada de ano para traçar metas e fazer planos para o ano que se inicia, geralmente com a intenção de melhorar hábitos ou conquistar objetivos específicos.
Mas com a COVID- 19, a insegurança e incerteza que ela nos trouxe, como fazer esses planos? De que forma pensar em resoluções possíveis?
Conversamos sobre o assunto com a psicóloga brasileira Camila Kuss, que mora e atua profissionalmente em Camberra.
Por que fazemos resoluções de ano novo?
Sobre a escolha dessa época do ano para pensar em mudanças de comportamento, Camila diz que é algo cultural, que víamos nossos pais fazendo, vemos amigos e familiares fazendo e acabamos adotando.
“É algo que ficou marcado na nossa cultura, que a virada de ano é o final de um ciclo e quando um novo ciclo se inicia. Então muitas pessoas têm realmente o costume de traçar novos objetivos”.
É algo que ficou marcado na nossa cultura, que a virada de ano é o final de um ciclo e quando um novo ciclo se inicia. Então muitas pessoas têm realmente o costume de traçar novos objetivos.
Sobre o fato de a pandemia da COVID-19 ter gerado inseguranças e incertezas nas pessoas, Camila diz que isso dificultou com que planos fossem feitos.
No final de 2021 na Austrália, por exemplo, com o surto da variante ômicron da COVID que começou em Nova Gales do Sul, NSW, chegou a Victoria e se espalhou para outros estados, os planos de viagem ou de celebrar as festas com amigos e familiares tiveram que ser alterados para muita gente que testou positive out eve que se isolar à espera do resultado do teste de COVID.
Camila diz que “fica muito difícil traçar planos e objetivos quando se tem algo incerto. Eu mesma planejei ir ao Brasil por duas vezes no ano passado mas não pude. E tenho certeza de que muitos imigrantes passaram ou passam pela mesma situação”.
Incerteza e mudanças nos planos
Camila também fala que o ‘efeito’ pandemia acarretou numa mudança com relação ao que as pessoas tem planejado. Ela mesma sugere aos seus clientes que projetem apenas aquilo que está ao alcance deles.
“Não adianta planejar por exemplo coisas relacionadas à abertura das fronteiras do país ou ao comportamento de outras pessoas, já que isso está fora do nosso controle. Se pararmos para pensar sobre aquilo que podemos controlar, há muita coisa e é possível fazer planos com o que está ao nosso alcance”.
Não adianta planejar por exemplo coisas relacionadas à abertura das fronteiras do país ou ao comportamento de outras pessoas, já que isso está fora do nosso controle.
Camila cita entre os planos possíveis, atitudes como fazer atividade física, cuidar da alimentação, ou mesmo pedir ajuda profissional caso a pessoa se veja diante de um quadro de ansiedade ou depressão. “São coisas simples mas que fazem toda a diferennça no seu dia-a-dia”.
Traçar metas possíveis
Para Camila, é necessário que as pessoas tenham objetivos inteligentes, que sejam realistas, mensuráveis e atingíveis. Entre os exemplos de resolução de ano novo dados por Camila, ela destaca que muitas mulheres e homens colocam como meta perder peso. Ter essa meta, segundo ela, não é um problema, mas é preciso pensar numa forma possível de alcançá-la.
“Em vez de pensar que tem que emagrecer rapidamente, tenha como meta caminhar uma, duas ou três vezes por semana, e cumpra essa meta, mesmo que ela não seja ousada. Tem que ser algo possível de ser atingido. E é importante também estipular um prazo para isso”.
Novos valores e objetivos
Sobre a mudança no foco do planejamento das pessoas por causa da pandemia, Camila acredita que os valores mudaram com a chegada da COVID-19, as restrições, o isolamento e a distância ou a perda de pessoas queridas.
“Baseado no que vejo ao meu redor e comigo mesma, eu acho que os valores mudaram. Tivemos que ficar mais tempo em casa, e por isso encaramos a nossa realidade como se estivéssemos em um casulo. Enfrentamos nossos próprios medos diante dessa pandemia”.
Baseado no que vejo ao meu redor e comigo mesma, eu acho que os valores mudaram. Muitas pessoas passaram a dar mais valor à família e aos relacionamentos.
Camila também destaca que com a pandemia, muitas pessoas passaram a sentir mais o valor da família e dos relacionamentos. E que mesmo com as limitações de viagens e fronteiras, imigrantes que estão na Austrália ou em outros países, por exemplo, começaram a incluir nas suas rotinas chamadas de vídeo com familiares ou mesmo alguns agrados como o envio de pequenos presentes a pessoas queridas.
“São coisas que a gente pode fazer, que estão dentro do nosso controle e que nos fazem presentes na vida das pessoas que amamos, mesmo com a distância física”.