2020, o primeiro ano da pandemia fez mais 228 mil novos pobres em Portugal. As mulheres foram das mais prejudicadas, a par dos desempregados e das famílias mono-parentais com crianças. Destas, uma em cada três são pobres.
O inquérito às condições de vida do Instituto Nacional de Estatística (INE), feito com base nos rendimentos de 2020 e que consubstancia o primeiro retrato das condições de vida pós-pandemia, mostra que 18,4% dos portugueses estavam abaixo da linha de pobreza, mais 2,2 pontos percentuais do que no ano anterior.
Na prática, aumentaram para 1,9 milhões os portugueses em situação de pobreza, isto é, obrigados a viver com menos de 554 euros por mês.
O estudo mostra que as mulheres, sobretudo idosas, os desempregados e as famílias mono-parentais com crianças, das quais mais de 80% são femininas, foram os grupos mais afectados pelo agravamento da pobreza.
Por outro lado, desde os anos sessenta do século anterior, o número de portugueses aumentou dois milhões, mas agora, desde há vinte anos, já perdeu mais de duzentos mil. E só não perdeu mais porque chegaram centenas de milhar de migrantes, em maioria vindos de países não europeus, Brasil e África à cabeça.
Portugal atingiu no ano passado os 662.095 estrangeiros residentes, mais cerca de 72 mil do que no ano anterior, quando foi ultrapassado o meio milhão de imigrantes a morar em Portugal.
Na última década, o número de estrangeiros a viver em Portugal cresceu 40%. Apesar de expressiva, a subida não foi suficiente para compensar o acentuado decréscimo da natalidade e o país acabou por perder residentes pela primeira vez desde 1970.