Presidente de Portugal vai à reinauguração do Museu da Língua Portuguesa para "estreitar fraternidade" entre os dois povos e reúne-se com Lula

Marcelo Rebelo de Sousa e Lula

Marcelo e Lula se reúnem em São Paulo durante visita de quatro dias do Presidente de Portugal ao Brasil para reinauguração do Museu da Língua Portuguesa. Source: AAP Image/EPA/ANTONIO COTRIM

Marcelo Rebelo de Sousa não revelou se Lula lhe disse que vai ser candidato à presidência do Brasil em 2022


Marcelo Rebelo de Sousa, antes de ser Presidente de Portugal, para além de professor de direito constitucional foi, ao longo de 40 anos, o mais prestigiado analista político em Portugal. Foi mesmo diretor do influente semanário Expresso e, tanto na rádio como na televisão pública e na TVI, os programas de comentário de Marcelo – os célebres “exames” – foram sempre campeões de audiência.


Como Presidente da República, Marcelo cultiva, para a missão dele, a recolha de informação para poder analisar possíveis horizontes. Sabendo que o Brasil tem eleições no ano que vem, Marcelo, nesta viagem ao Brasil para a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, quis ter encontros quer com o atual quer com os ex-presidentes do Brasil.


Marcelo aterrou em São Paulo ao fim do dia de sexta-feira e logo nessa noite, a primeira reunião, foi com Lula, prolongou-se por mais de uma hora, na residência do cônsul português em São Paulo. Marcelo explicou à bateria de repórteres o que pretende com estes encontros.


Os repórteres quiseram saber de que tinham falado Marcelo e Lula naquela hora e tal de encontro, o presidente português apenas quis insistir na motivação para o encontro: aprofundar conhecimento, estreitar a fraternidade entre os dois povos

Apesar de muitas perguntas dos jornalistas, Marcelo não revelou se Lula lhe disse que retende ser candidato nas presidenciais do ano que vem, mas parece seguro que o assunto foi abordado na conversa que abordou o combate à pandemia, a situação atual no Brasil, as relações entre Brasil e Portugal, também Brasil, América do Sul e Europa, ainda a comunidade de língua portuguesa e a promoção da língua portuguesa.

Lula foi o encontro inicial do presidente Marcelo nesta sua quinta visita ao Brasil, depois no sábado, antes de encontros privados quer com o presidente e amigo FHC (com quem tem jantar privado), quer com Michel Temer, esteve com ambos na reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, depois vai a Brasília para se encontrar com o presidente Bolsonaro, no Palácio do Planalto.


Na reinauguração do museu o governador de São Paulo, João Dória, não deixou de dar uma alfinetada em Bolsonaro, ao lastimar que o presidente do Brasil tenha preferido estar num evento com motoqueiros, mas o governador Dória celebrou que tenham estado ali, tanto ex presidentes do Brasil (FHC e Temer - Sarney justificou a falta, por gripe) como os atuais Presidentes da República de Portugal e de Cabo Verde.


Nesta visita inaugural ao Museu todos apreciaram muito a Rua da Língua, um corredor de 106 metros que como que reproduz, no segundo andar, a linha ferroviária da Estação da Luz, com fragmentos poéticos, provérbios, pichagens, propaganda, sugerindo as paredes e outdoors da cidade. Entre os criadores desta nova rua estão os artista multimédia Guto Lacaz e Arnaldo Antunes. E a participação de Ricardo Aleixo, poeta e expoente do ativismo negro, é mais um exemplo desse novo olhar do museu sobre os combates do presente. 


Novidade no segundo piso do Museu é a instalação Nós da Língua Portuguesa, que amplia a presença da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no museu, num passeio por textos escritos, imagens e sons das diferentes nações que a integram.


Houve nesta reinauguração um momento especial de homenagem ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que, com o filho Pedro desenhou quer o museu inicial de 2006, quer o museu renovado após o fogo em 2015. Há no topo do museu um esplêndido terraço, que está agora batizado com o nome de Paulo Mendes da Rocha.


Com 262 metros quadrados, este terraço do museu é candidato a tornar-se num dos miradouros mais disputados do centro de São Paulo, pela riqueza arquitectónica e pela vista que permite alcançar. A face norte está voltada para o Jardim da Luz, um parque público que em 2025 completa 200 anos; ao sul estão edifícios emblemáticos de São Paulo, como o Copan (projeto de Oscar Niemeyer) e o Circolo Italiano, de Franz Heep; a oeste avista-se a histórica estação ferroviária Júlio Prestes; e a leste, colada ao terraço, vê-se a torre do famoso relógio da Estação da Luz.


O Museu da Língua Portuguesa começa neste domingo a receber todo o público e a contribuir para a promoção da língua portuguesa.


Caetano Veloso compôs nos anos 80 e continua a cantar a canção “Língua”, que começa assim:


“Gosto de sentir a minha língua roçar a de Luís de Camões, gosto de ser e de estar nesta língua – a nossa."


E depois pergunta: "O que quer? O que pode esta língua?"  


Contributos para respostas a estas perguntas estão a partir de agora no Museu da Língua Portuguesa.


Tem lá está canção “Língua”, de Caetano, que no verso também diz: "Poesia está para a prosa assim como o amor para a amizade."




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