Em 2015, estava a disputar os europeus de judo, naquele ano em Baku, e um companheiro no balneário chamou-lhe a atenção para um alto esquisito que ele tinha na virilha.
Jorge Fonseca já tinha reparado nesse inchaço grande, mas quis não ligar.
Perante o alerta dos colegas o médico da equipa portuguesa quis vê-lo. Ficou preocupado, de volta a Portugal seguiram-se exames clínicos prioritários, e veio o diagnóstico: osteossarcoma, ou seja, cancro dos ossos.
Ao receber este diagnóstico, Jorge que tinha então 22 anos agarrou-se a Pedro, o treinador de sempre, e choraram os dois.
Então, Pedro Soares, o treinador, tratou-o pela primeira vez em 11 anos por preto: "Ouve lá ó preto, tu vais superar essa doença e tu vais ser o maior. Já te arranjei os melhores médicos, não te preocupes, daqui as seis meses tu vais estar bem".
E assim foi, Jorge foi operado, fez 4 meses de quimioterapia, ficou bem, o osteossarcoma desapareceu, no ano seguinte foi à edição dos Jogos Olimpicos no Rio de Janeiro, ainda não estava de volta à forma ideal, mas dois anos depois impunha-se como campeão do mundo de judo na categoria -100kg.
Foi glória máxima, já repetida, para o miúdo pobre nascido no arquipélago de São Tomé e Príncipe, que aos 11 anos veio com os pais para Portugal, foram viver para a Cova da Moura, um bairro muito pobre de migrantes africanos às portas de Lisboa.
Pouco depois de chegar a Portugal espreitou o treino de uma classe de judo do Sporting. Ficou com enorme desejo, mas não tina dinheiro para se inscrever. O treinador, o tal Pedro Soares de sempre, ouviu-o a perguntar como é que poderia entrar e mandou-o ficar. Percebeu que aquele miúdo que já tinha corpo grande também tinha fibra e cabeça de campeão.
Assim tem sido. Agora, pódio em Tóquio, com ele a clamar que quer a medalha de ouro, daqui a 3 anos em Paris.