Arrancaram as duas semanas de campanha eleitoral para as eleições europeias – a realizar entre 23 e 26 deste maio.
300 milhões de eleitores vão eleger 751 deputados ao parlamento europeu.
O Parlamento de Bruxelas e Estrasburgo tem sido dominado nas últimas décadas pelas duas famílias políticas mais históricas na Europa: os conservadores, com matriz democrata-cristã e os social-democratas os socialistas.
O conjunto destes dois blocos alcançou sempre a maioria absoluta mas, desta vez, todas as sondagens garantem que vão ficar com 100 deputados a menos.
As eleições de agora estão dominadas por uma questão nunca assim colocada numa votação europeia: teremos mais Europa ou uma Europa a desfazer-se?
Estas eleições europeias tornaram-se uma espécie de referendo: quantos são os cidadãos que querem o desenvolvimento de uma Europa multicultural que tem como pilares a liberdade, a solidariedade, os direitos humanos, a defesa da diversidade e a proteção social, ou seja, os que querem a sobrevivência e até o reforço da União Europeia?; e quantos são os que querem derrubar este modelo, com retorno às fronteiras, à soberania nacional e adesão a uma retórica tóxica de não respeito pelos adversários e ódio aos refugiados, emigrantes, muçulmanos, ciganos e quase tudo o que seja diferente?
Saber se há mais eurodeputados mais para a esquerda ou mais para a direita, sendo relevante, não é a questão essencial nestas eleições. O que há para ver é que modelo de Europa pode funcionar nos próximos anos.
Nunca a compreensão da identidade europeia foi tão importante na história do projeto europeu. Numa União Europeia desgastada pelo Brexit, pela crise dos refugiados e pela ameaça de rutura em algumas democracias, as eleições europeias que decorrerão entre 23 e 26 de maio são, na opinião de muitos, um teste à vitalidade do projeto europeu.
O cenário mais discutido é o da fragmentação política da Europa, com a ascensão dos partidos populistas e nacionalistas, na sua generalidade fortemente eurocépticos, e a queda das velhas famílias políticas que construíram a União Europeia desde a sua fundação. Há, no entanto, por trás deste risco de fragmentação política outras linhas de fractura, mais ou menos recentes, nascidas ou renascidas da crise financeira de 2008, que deu origem às sucessivas crises da dívida, do euro e, finalmente, a uma crise política que pela primeira vez colocou sobre a mesa o cenário do fim da integração – traduzido pelo Brexit.
Por tudo isto são determinantes destas eleições no fim da próxima semana nos 28 países europeus.