Para uma avaliação sobre como está o país, Francisco Sena Santos, correspondente da SBS em Português em Lisboa, cita a análise do cientista social António Barreto, publicada pelo Jornal Público.
Segundo Barreto, “quase toda a gente pensava que o governo das esquerdas não duraria quatro anos. Ou antes, muito pouca gente pensava que poderia durar quatro anos e uma legislatura completa. Durou. É coisa feita. Foi um sucesso político. A avaliar pelo desemprego, pela desigualdade e pelos rendimentos, teve algum êxito social. Em termos internos e externos, foi um triunfo financeiro. Com a excepção das exportações, teve poucos bons resultados económicos. Fez o país perder perante a maior parte dos países do euro. Continuou a divergir da União, aumentou a distância relativamente aos mais desenvolvidos. Perdeu na competição da produtividade, das quotas de mercado, do crescimento do produto e dos rendimentos. Preparou mal o futuro, não conseguiu dinamizar o investimento privado, não soube estimular o investimento público e vendeu empresas sem criar novas.
Continua Barreto, “as reacções do governo aos incêndios florestais revelaram incompetência e covardia. O roubo de Tancos exibiu irresponsabilidade política e fraqueza moral. A sucessão de desastres bancários pôs em evidência a fragilidade do Estado, que já vinha de governos anteriores e que este continuou. A incapacidade de apuramento da verdade e de castigo de tantos casos de corrupção sugere gritantes cumplicidades.
“A defesa nacional, por exemplo, foi mais uma vez adiada e esquecida. A segurança colectiva mantida entre parênteses. As Forças Armadas conservadas num limbo.”
Nessa análise António Barreto também questionou a ‘união’ das esquerdas portuguesas.
“A solução das esquerdas unidas é durável, pode desenvolver-se e crescer, é útil ao país? Poderão o PS e António Costa confirmar a ruptura com a social-democracia de Mário Soares? Está a desenhar-se uma alternativa do socialismo de esquerda à social-democracia?
“Fica estabelecida a incapacidade de afirmação de uma direita portuguesa, assim como o carácter híbrido do CDS e a androginia política do PSD? A direita portuguesa é absolutamente incompetente e incapaz?”
Assim segue Portugal em decisivo ano eleitoral.