A menos de três meses de eleições europeias (26 de maio) e a escassos sete meses das determinantes eleições parlamentares (6 de outubro) em Portugal, as sondagens mostram três evidências: o Partido Socialista tem triunfo prometido (37%, 12 pontos percentuais de avanço sobre o rival PSD), a esquerda cresce e é mais maioritária, a direita recua.
A sete meses do sufrágio, com 37% das intenções de voto, e com os referidos 12 pontos percentuais de vantagem sobre o PSD, dificilmente o PS e António Costa deixarão fugir a vitória — salvo uma qualquer hecatombe, necessariamente imprevisível.
Poderão os socialistas de Costa chegar à maioria absoluta? Não é virtualmente impossível mas é improvável. A tendência aponta para continuidade em Portugal de um governo com sustentação parlamentar à esquerda.
As sondagens mostram que é isso o que os portugueses esperam: a perceção dos inquiridos, na ampla sondagem no influente semanário Expresso e na televisão SIC, sobre a situação económica portuguesa é positiva, a avaliação do desempenho do Governo também, da mesma forma que a maioria dos entrevistados considera o atual Governo melhor do que o anterior.
Tudo aponta para a continuidade do governo do PS apoiado pelas esquerdas ou até a integrar as diferentes esquerdas no próximo governo de Portugal.
Se a questão do vencedor e as posições dos dois maiores partidos se afiguram, neste momento, bem definidas (PS, 37%; PSD, 25%), o mesmo não se poderá dizer sobre os partidos médios. De acordo com a sondagem realizada pelo ISCTE para a SIC e o Expresso, o PCP, o CDS e o BE estão empatados nos 8% das intenções de voto.
No campeonato dos pequenos partidos, o PAN surge com 3%, à frente da Aliança, com 2%. A formação liderada por Pedro Santana Lopes é a única, de entre os partidos que se estreiam este ano em eleições, que surge em posição de eleger representação na Assembleia da República. Os restantes partidos juntos não ultrapassam os 4%.
Segundo esta sondagem, os socialistas serão os grandes beneficiários da governação destes três anos e meio. A avaliação positiva sobre o desempenho da economia é particularmente notória entre o eleitorado do PS, mas também no restante eleitorado de esquerda (metade dos que se assumem de esquerda dizem que a economia “melhorou” ou “melhorou muito”).
O mesmo na avaliação da atuação do Governo e na comparação com o Executivo anterior — cerca de 80% dos eleitores que se assumem de esquerda dão “bom” ou “muito bom” ao Governo Costa, e consideram-no “melhor” ou “muito melhor” do que o anterior.
O primeiro-ministro socialista António Costa não só é caução do crescimento do PS como consegue, para si, os melhores índices de aprovação, a seguir a Marcelo Rebelo de Sousa.
Na avaliação do desempenho dos líderes políticos, o Presidente da República é o campeão destacado, seguido de Costa, que tem o melhor desempenho entre os líderes partidários.
O sistema político português, como comenta no Expresso Pedro Adão e Silva, investigador do ISCSP, parece estar a resistir bem à vaga populista que se verifica na Europa e a alguma erosão dos partidos que formaram o regime democrático. A resiliência dos partidos portugueses contrasta com o colapso de muitas formações congéneres, em particular na Europa do sul.