O vídeo tem menos de dois minutos, embora o seu impacto dure muito mais. Começa com uma mulher nua caminhando à beira da estrada, seguida por vários homens vestidos com fardas das Forças de Defesa e Segurança (FDS) , o exército oficial de Moçambique.
Um deles aproxima-se e espanca-a violentamente com um pau. A mulher grita de dor, tenta proteger-se, cambaleia, os homens insistem que continue a andar, um deles dispara para a intimidar. E ela foge.
Poucos passos consegue dar quando é atingida por uma rajada de metralhadora. Caída na estrada. Alguém diz “chega”, mas outro homem com farda dispara. O corpo da mulher mexe-se com as balas, mas é evidente que está morta.
O que não impede outro homem de também disparar. E há ainda quem avance para também disparar sobre a mulher morta.
O vídeo circula desde segunda-feira e geraforte indignação, levando mesmo as FDS a emitirem um comunicado a condenar as imagens ”chocantes, abusivas, repugnantes, horripilantes e acima de tudo condenáveis em todas as suas dimensões” cometido por, lê-se no comunicado, “um grupo de indivíduos trajando uniforme militar” em Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado.
A Amnistia Internacional, que na semana passada tinha denunciado “actos de tortura cometidos pelas forças de segurança” em Moçambique, pediu esta terça-feira às autoridades moçambicanas que lancem de “imediatamente uma investigação independente e imparcial sobre a execução extrajudicial de uma mulher indefesa em Mocímboa da Praia”.
Merece atenção internacional o que está a acontecer em Cabo Delgado.