O bárbaro assassinato e a escalada da violência no norte de Moçambique

Cabo Delgado, Moçambique

Passageiros em um barco de uma praia de pescadores em Pemba, Moçambique. Grupos radicais buscam estabelecer um estado islâmico na região. Source: RICARDO FRANCO/EPA/LUSA/APP

É um vídeo que é dificil ver, e também contar. Alertávamos aqui outro dia para a grave deterioração da convivência em Cabo Delgado, norte de Moçambique. Agora, um vídeo que documenta a barbárie em curso.


O vídeo tem menos de dois minutos, embora o seu impacto dure muito mais. Começa com uma mulher nua caminhando à beira da estrada, seguida por vários homens vestidos com fardas das Forças de Defesa e Segurança (FDS) , o exército oficial de Moçambique.

Um deles aproxima-se e espanca-a violentamente com um pau. A mulher grita de dor, tenta proteger-se, cambaleia, os homens insistem que continue a andar, um deles dispara para a intimidar. E ela foge.

Poucos passos consegue dar quando é atingida por uma rajada de metralhadora. Caída na estrada. Alguém diz “chega”, mas outro homem com farda dispara. O corpo da mulher mexe-se com as balas, mas é evidente que está morta.

O que não impede outro homem de também disparar. E há ainda quem avance para também disparar sobre a mulher morta.

O vídeo circula desde segunda-feira e geraforte indignação, levando mesmo as FDS a emitirem um comunicado a condenar as imagens ”chocantes, abusivas, repugnantes, horripilantes e acima de tudo condenáveis em todas as suas dimensões” cometido por, lê-se no comunicado, “um grupo de indivíduos trajando uniforme militar” em Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado.

A Amnistia Internacional, que na semana passada tinha denunciado “actos de tortura cometidos pelas forças de segurança” em Moçambique, pediu esta terça-feira às autoridades moçambicanas que lancem de “imediatamente uma investigação independente e imparcial sobre a execução extrajudicial de uma mulher indefesa em Mocímboa da Praia”.

Merece atenção internacional o que está a acontecer em Cabo Delgado.

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