Artissima, a principal feira italiana de arte contemporânea, tem sede na pujante cidade de Turim, e um dos propulsores da proliferação - por esta cidade do norte de Itália - de galerias e centros privados e públicos dedicados à arte atual é o Castello di Rivoli: é um castelo militar do século 11.
Os Sabóia, no século 16, converteram o castelo em sumptuoso palácio que agora, no século 21, acolhe um espantoso e audaz Museu de Arte Contemporânea.
A audácia passa pelo cruzamento de diferentes idades na criação artistica; o foco é a arte contemporânea, mas com abertura ao encontro com a arte de outras eras.
É o que acontece agora com duas obras-primas de Caravaggio.
Uma é o Narciso – óleo sobre tela – transportado do Museu Barberini em Roma para o Castello di Rivoli numa operação com segurança militar.
Este sublime Narciso – que Caravaggio pintou no final do século 16 – é um retrato de um jovem modelo que se olha ao espelho.
Ora, nesta exposição que hoje abre no Castello di Rivoli, a curadora quer explorar, com perspectiva contemporânea, o efeito do espelho na sociedade atual – o espelho em versão tecnológica, através dos ecrãs das selfies – a bolha das pessoas que observam os outros a observarem-se.
A outra obra-prima de Caravaggio, também cruzada no Castello di Rivoli com a arte contemporânea – em modo que inclui criação musical – é o belíssimo retrato de São João Batista.
Mas em modo permanente o que encontramos nos 3 andares deste museu passa sobretudo por arte contemporânea: Nan Golding, Helmut Newton, Joseph Beuys, Claes Oldenburg, Olafur Eliasson – a coleção é imensa – passa até por Jean Luc Godard.
O castelo também acolhe sucessivas sessões de criação musical contemporânea.
Ora, desde o início de maio – a curadora do museu, fiel ao princípio de que curadora se relaciona com curar, e também o de que os artistas refletem o tempo em que vivem – decidiu integrar o museu de arte contemporânea no combate à Covid.
Combinou com o hospital da cidade a instalação de
O hospital envia as equipas de vacinação e as pessoas a vacinar - que o prefiram – podem marcar vacinação por entre obras de arte, seja nas salas de espera, envolvidas por quadros enormes – e com uma coluna sonora especialmente criada - seja na sala de vacinação, com atmosfera de quadros que projetam a intimidade.
O slogan para esta inovação do Castello di Rivoli é "Livrem-se da ameaça de infeção pela Covid, deixem-se infectar pela beleza da arte."