Esta é uma das conclusões do primeiro estudo português sobre cyberbullying: “A violência online contra as mulheres”, estudo de investigadores da Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra.
A investigadora e coordenadora do estudo, Rita Basílio Simões, é peremptória em declarações ao semanário Expresso: “A violência contra as mulheres adaptou-se e migrou para o online e chega a todas as esferas da sociedade. Tanto ataca a jovem estudante como a profissional de saúde ou as mais variadas figuras públicas, políticas, jornalistas, influencers, artistas, atingindo em particular as mulheres com mais visibilidade pública e que desafiam o status quo vigente.”
A especialista refere que a violência de género ganhou novas dimensões no meio digital. “O eco de uma fotografia íntima partilhada nas redes sociais sem consentimento é enorme, pode tornar-se viral e permanecer online para sempre. É uma forma terrível de violência.”
Quem mais ataca atrás de um ecrã são homens, desconhecidos das vítimas, sabe-se que funcionam em grupos organizados.
“Opõem-se à emancipação feminina, têm ligação à extrema-direita, atuam de forma consertada para humilhar, perseguir e assediar certas mulheres. Há uma misoginia latente e manifesta na sociedade que quer atacar e calar através do bullying digital todas as vozes que põem em causa as normas habituais de género.”
O bullying contra as mulheres tem muitas outras formas e deixa marcas psicológicas.
É ainda o Expresso quem conta o caso de Sara Sequeira, modelo, com 29 anos: depois de publicar um vídeo em que acusava o revisor de um comboio de assédio sexual, Sara Sequeira viu as suas redes sociais serem inundadas de mensagens. Ao todo, foram perto de “seis mil mensagens”, algumas com ameaças de violação e morte, outras com insultos e a dizer que “estava a pedi-las”.
É um problema que está a causar preocupação e estudo de medidas para o superar.
Confira na crônica do correspondente da SBS, em Lisboa, Francisco Sena Santos.