As estatísticas da volência doméstica na Austrália são chocantes. Três em cada dez mulheres - com 15 anos ou mais – sofreram violência física ou sexual na Austrália, de acordo com a Agência Nacional de Estatísticas do país.
Toda semana uma mulher é morta por seu atual ou ex-parceiro.
Mas além da violência física, abuso pode se apresentar de várias formas, entre elas, como controle psicológico ou coercitivo.
“Controle coercitivo é uma série de táticas que são usadas por um indivíduo contra outro, ou por familiares do casal, uns contra os outros,” conta Jess Hill, jornalista investigativa e autora.
“São comportamentos usados para isolar a vítima, para degradá-la, ameaçá-la; para alternar punições com recompensas. Num momento tudo está bem, talvez haja até pedidos de desculpas e promessas: Eu não vou fazer isso de novo’. Mas depois o comportamento abusivo é retomado. Pode haver perseguição e vigilância,” diz Jess.
Para a sobrevivente de violência doméstica, Jessica, o maior problema em relação a diferentes formas de abuso é que você pode confundi-las. “Você pode confundir isso e achar que [o agressor] tem um interesse intenso, sincero por você. Isso me deixou completamente destruída,” diz Jess Hill.
As vítimas da violência doméstica podem ter baixa autoestima e sofrer privação de sono, exaustão e isolamento social. Mas os abusos podem ser também financeiros, com o parceiro proibindo a vítima de ter acesso a uma conta bancária, independência financeira.
“O resultado disso é depressão, ansiedade, a sensação de que você não tem nenhum amigo e você começa a pensar que a culpa é sua, mas na verdade é o agressor que está afastando todas aquelas pessoas de você para que ele possa te controlar melhor. Quando as pessoas dizem: 'por que as vítimas simplesmente não deixam essa situação?' Você está tão exausta e trabalhando tão duro para sobreviver psicológica e fisicamente que a ideia de partir, especialmente se for um imigrante, especialmente se você estiver com um visto temporário, é muito mais complexa.”
Muitas vítimas de controle coercitivo na Austrália são mulheres imigrantes com vistos temporários, e o abuso em algumas comunidades de imigrantes pode assumir uma forma mais complexa.
“Já vi a coerção reprodutiva ocorrer. Às vezes, o marido do parceiro tenta engravidar a mulher sem o seu consentimento para mantê-la no relacionamento abusivo. Em outro caso, a mulher ou esposa queria manter a criança, mas se o marido e a família do pai não quisessem o filho, forçavam a mulher a fazer um aborto,” relata Jatinder Kaur, assistente social.
Vítimas de abuso doméstico às vezes têm dificuldade de relatar o ocorrido às autoridades. “Tentei pedir ajuda à polícia, mas não tinha o tipo de hematoma, marcas típicas de violência no meu rosto, e não havia nada que eu podia provar para os policiais. Eu disse a eles que tinha com medo de ir para casa, ‘não sei o que fazer’ e eles disseram, ‘se acontecer algo ligue para 000.’
Segundo a jornalista Jess Hil, existem sinais claros de controle coercitivo.
“Se você sente que precisa pedir uma ‘mesada’, que não tem acesso a dinheiro, isso é um sinal importante de controle coercitivo. Se seu parceiro está tornando tudo mais difícil para que possa ver sua família ou amigos, se sentir que ele está menosprezando você, ou degradando ou fazendo ameaças de se ferir se você o abandonar, se ele ameaçar ferir animais de estimação, ameaçar ferir ou matar crianças. Esse tipo de comportamento não são sinalizadores de abuso que vai ocorrer futuro, este é o abuso,” alerta.
Se você ou alguém que conhece está sofrendo violência familiar ligue para 1800RESPECT em 1800 737 732 ou visite 1800respect.org.au
Para aconselhamento a homens que têm dificuldade em controlar sua raiva, problemas de relacionamento ou problemas com os pais, ligue para o Men’s Referral Service no 1300 766 491 ou visite ntv.org.au. Em caso de emergência ligue para 000.
