Em 1971, a primeira missão a Marte mudou completamente nosso entendimento do planeta vermelho.
Imagens da missão Mariner 9 da NASA sugerem que a vida em Marte não era apenas ficção científica.
Em uma filmagem de arquivo da NASA foi possível ouvir pela primeira vez as evidências de camadas de gelo em Marte, o que foi confiramdo por um porta-voz da NASA.
"Nossos dados são consistentes e sugerem que a calota polar é composta de gelo de água e provavelmente não de CO2 sólido, na região próxima à borda da calota polar. O gelo polar fornece um reservatório de água. A nuvem sólida de dióxido de carbono fornece proteção contra radiação ultravioleta; uma região que certamente precisa ser explorada mais."
Sonda da NASA detectou mais de mil terremotos na superfície de Marte. Credit: NASA
Vashan Wright é professor assistente no Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego e tem liderado a pesquisa.
Wright diz que entender o ciclo da água marciana é fundamental para entender a evolução do próprio planeta.
"Encontrar água na forma líquida em Marte é importante porque a água afeta quase tudo sobre a evolução do nosso planeta. Em Marte, podemos ver um ciclo da água sem humanos. Sabemos que a água é um ingrediente essencial para a vida como a conhecemos e isso significa que ela é potencialmente habitável na crosta média de Marte. Por isso, há muito o que entender quando se sabe para onde a água foi. Marte já se parecia com a Terra há 3 bilhões de anos e agora não se parece mais. É seco e inabitado, então uma grande questão é onde está a água? Para onde ela foi? Encontar água nos volumes que encontramos é realmente importante e emocionante."
As descobertas são baseadas em modelagem de computador, bem como medições sísmicas do módulo de pouso InSight da NASA.
O módulo de pouso encerrou sua missão em 2022 após passar quatro anos em silêncio ouvindo o pulso sísmico do planeta vermelho.
Ele detectou mais de 1.300 terremotos marcianos antes de desligar.
Como uma missão que foi a Marte para analisar terremotos e atividade sísmica descobriu o que pode ser o equivalente a um oceano de água a mais de 10 quilômetros abaixo da superfície?
Glen Nagle, do CSIRO, trabalha para o Complexo de Comunicação do Espaço Profundo de Camberra como parte da Rede do Espaço Profundo da NASA.
"À medida que essas vibrações viajam pelo planeta, elas passam por diferentes meios, diferentes materiais que então produzem uma frequência diferente no receptor de retorno da espaçonave. E esses sinais parecem indicar que cerca de 10 a 20 quilômetros abaixo da superfície marciana há uma quantidade suficiente de água, seja presa com minerais, ou como um grande aquífero abaixo da superfície, água suficiente para cobrir Marte todo."
Os cientistas dizem que a água provavelmente vazou da superfície do planeta bilhões de anos atrás, quando Marte tinha rios e lagos em sua superfície.
A descoberta não apenas levanta mais questões sobre se a vida já existiu ou poderia existir em Marte, mas também levanta a questão sobre se a vida existe em Marte agora.
O empresário bilionário e fundador da SpaceX Elon Musk, tem como objetivo de vida chegar a Marte.
Existem muitos fatores a serem considerados para saber se humanos podem viver em Marte.
"Houve muito trabalho excelente da NASA e de outras organizações na exploração inicial de Marte, e na compreensão de como é Marte, onde poderíamos pousar. Qual é a composição da atmosfera, onde há água. Gelo de água, eu diria. Precisamos de missões iniciais de exploração para realmente construir uma cidade."
Nagle diz que mesmo que exista vida em Marte, sustentar a vida humana não é tão simples.
"Já sabemos há muitas décadas que a água existia em Marte na sua superfície nas formas de rios e lagos, oceanos e mares salgados. Isso sempre dá possibilidade de vida naquele planeta. Mas antes de enviarmos humanos para Marte, precisamos saber se há vida naquele planeta, seja na superfície ou abaixo dela, e se poderíamos nós, como seres humanos, arriscar exterminar essa vida com nossos próprios germes e doenças, ou o inverso pode ser verdade também, essa vida tem algo que não podemos controlar e causar danos a todos nós. Por isso, a grande questão que precisamos responder sobre o planeta vermelho é quão habitável ele foi no passado e quão habitável o planeta é nos dias de hoje.”
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