Depois do Man United, o Chelsea também está com um pé fora. Também o Barcelona.
Bruscamente, abriu-se a guerra do futebol europeu: a rebelião de 12 dos principais clubes abriu choque total com a UEFA, com os clubes pequenos e médios e os governos dos diferentes países estão a entrar no combate aos 12 rebeldes.
O anúncio liderado pelo Real Madrid, de criação de uma Superliga semifechada liderada por 12 grandes clubes europeus, tudo a acontecer à margem tanto da UEFA como da FIFA, instituições que se opõem com todo o vigor e ameaças a esta Superliga, desencadeou uma guerra que está à beira de provocar mudança drástica nas competições e na indústria do futebol tal como são conhecidas.
Alinharam à partida nesta rebelião seis clubes ingleses, três espanhóis e três italianos. Disse à partida porque 2 dos 6 ingleses já estão com dúvidas. Meteram travões precisamente face à forte contestação dos adeptos a esta rebelião
Os 12 clubes que fundaram esta Superliga do futebol europeu são o Real Madrid, liderado por Florentino Perez e inimigo declarado do presidente da UEFA, Alexander Ceferin, mais de Espanha, o Atlético de Madrid e o Barcelona, de Itália a Juventus, o Inter e o Milão, de Inglaterra, o Manchester United, o Liverpool, o Arsenal, o Tottenham, o Manchester City e o Chelsea. Os cabecilhas desta rebelião são Real Madrid, Juventus e Manchester United.
Quiseram envolver Paris Saint Germain, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, mas estes três clubes não alinharam.
A Superliga anunciou que estes 12 clubes fundadores, estariam sempre na competição, nunca desceriam desse clube de topo, tal como mais outros três convidados por esse grupo (seriam o PSG, o Bayern e o Dortmund, se não tivessem recusado), e outros cinco clubes que se classificariam a cada ano. As 20 equipes seriam divididas em dois grupos de 10, com partidas de ida e volta.
Temos assim que a Superliga do futebol europeu, fechada, com lugar reservado permanente para 15 clubes que são colossos em poder financeiro e outros cinco escolhidos ano a ano, despreza a qualificação em campo como requisito para a participação de todos. Vira costas ao conceito de mérito.
Deixa de haver nos campeonatos nacionais o estímulo da luta para chegar aos lugares da Champions.
O que rebenta agora é mesmo uma guerra comercial que se serve do futebol. Os galácticos interesses do negócio em torno do espetáculo do futebol mobilizaram esta rebelião de 12 clubes da elite inglesa, espanhola e italiana que abriram esta guerra. Sem que se vislumbre armistício.
Estamos perante um choque que faz explodir o sistema que tem feito funcionar o futebol europeu.
Os rebeldes querem, portanto, deixar a Champions para os pobres e remediados e terem para eles um campeonato europeu dos super-ricos. Eles atribuem-se lugar cativo e dispõem-se a, em cada época, deixarem que cinco clubes do povo clubista se juntem à festa deles.
O FC do Porto é participante frequente na Champions. Passaria a ter uma porta muito mais estreita para conseguir chegar à competição dessa alta roda. O mesmo para Benfica, Sporting ou qualquer outro clube português com aspirações. Também muito encolhidas as possibilidades de acesso de clubes como o Ajax, o Anderlecht, o Lyon, o Marselha, o Nápoles, o Atlanta, o Salzburgo, o Sevilha e tantos, tantos mais.
Os colossos na Superliga contam com grandes lucros através da venda dos direitos de transmissão dos jogos deles pelos quatro cantos do mundo. Mas secam o campo das receitas para a maioria dos outros clubes. Parece evidente que o futebol fica mais pobre.
É criado um clube exclusivo de elites e acaba-se, por um lado a solidariedade dos grandes com os pequenos e médios, e por outro lado, o mérito deixa de contar porque aquelas elites garantem lugar permanente para elas.
Até aqui, nada impede que o mérito, a competência e o trabalho levem um pequeno clube a ganhar o campeonato nacional e até a própria Champions. Com a Superliga essa possibilidade deixa de existir. Os grandes e ricos isolam-se da complexidade do mundo.
Os governos europeus estão, sucessivamente, a declarar oposição a esta Superliga, mas é improvável que a possam travar.
Está a ficar à vista o superpoder dos supercolossos do futebol europeu, para este processo que se liga a plataformas de transmissão digital. A DAZN aparece como o canal da Superliga.
A UEFA já avisou que ou os clubes que fundaram a Superliga ou param imediatamente ou serão expulsos também imediatamente das competições europeias.
A tensão é imensa e parece muito provável que o futebol não volte a ter encontros que tinha. Neste cenário, um Bayern-Real Madrid ou um Porto-Juventus ou um Benfica-Manchester United são jogos que não poderão voltar a acontecer.
A menos que ainda haja alguma reviravolta, no entanto improvável.