Brasileiros que fazem a diferença na Austrália, pegando no pesado na reconstrução pós-incêndios

Brazilian Bushfire Aid

Douglas Carvalho, Flávia Teixeira, Fabrício Festugato, Ana Gabriela Laverde, Lígia Maria Caseiro e Derek Andrade, do BBA, na Rádio SBS/Sydney Source: Beatriz Wagner

Conversamos com homens e mulheres do grupo BBA/Brazilian Bushfire Aid que, com moto-serra, a facão e a picareta, seguem fazendo trabalho voluntário nas zonas rurais afetadas pelos fogos em Nova Gales do Sul/NSW: o fundador do grupo Fabrício Festugato e os organizadores Flávia de Oliveira, Douglas Carvalho, Lígia Maria Andriolli Caseiro, Ana Gabriela Laverde e Derek Andrade.


Eles contam do sentimento de abandono dos pequenos proprietários rurais, muitos deles casais já de idade, sozinhos na sua terra, e da alegria contagiante dos brasileiros que, além de ajudar fisicamente na reconstrução, também levam esperança e otimismo a muitas comunidades rurais.

Tudo começou quando, aflitos com os incêndios que se alastravam pelo costa leste australiana no ano passado, brasileiros de Sydney se organizaram para ajudar de alguma forma.
Brazilian Bushfire Aid
Source: Brazilian Bushfire Aid
A ideia foi tão longe que mais de 120 deles - muitos profissionais da construção, carpinteiros e eletricistas -,  passaram um fim de semana em Old Bar/NSW, no final de novembro, ajudando a reconstruir cercas, ligar eletricidade e fazer limpeza de escombros, ajudando a ONG australiana Blaze Aid do jeito que podiam. 

Agora em janeiro, Fabrício Festugato foi adiante e criou via Facebook o grupo BBA/Brazilian Bushfire Aid.
"Um senhor que perdeu muita coisa nos fogos nos disse que sentia estar num túnel escuro, sem saída, mas que depois da nossa chegada via uma luz ao fim do túnel", conta Flávia Oliveira, carpinteira e também bombeira voluntária na Austrália.
Brazilian Bushfire Aid
Source: Brazilian Bushfire Aid
Os organizadores vieram aos estúdios da Rádio SBS em Sydney para contar esta e muitas outras histórias, todas muito emocionantes.
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Brazilian Bushfire Aid no Programa em Português da Rádio SBS Source: Photo by Beatriz Wagner
Nesta conversa ao vivo na rádio e transmitida ao vivo via Facebook, eles falam também sobre o que o caos que presenciaram nas regiões rurais afetadas, as dificuldades que enfrentaram e também sobre as amizades com os moradores locais, que devem continuar por toda a vida. 

Alguns momentos foram de emoções muito fortes, outros foram surreais: o gaúcho Fabrício Festugato, de Caxias do Sul, tinha levado umas costelas para um dia de 12 horas de trabalho no campo queimado, e acabou assando a carne num tronco de árvore que continuava queimando por dentro, após o incêndio: "Não fizemos nada errado, não fizemos fogo, e almoçamos com australianos no meio da devastação".
Reconstruir as cercas foi uma das principais tarefas em Old Bar (NSW). Em um fim de semana, a Brazilian Bushfire Brigade (BBA) fez o trabalho de dois meses.
Reconstruir as cercas foi uma das principais tarefas em Old Bar (NSW). Em um fim de semana, a Brazilian Bushfire Brigade (BBA) fez o trabalho de dois meses. Source: Fabricio Festugato - personal file
O trabalho também continua, já que há muita coisa a ser reconstruída nos próximos meses.

O grupo se organizou de tal forma que está se dividindo em grupos menores e deve atuar em Lithgow, Canberra e Wingham nas próximas semanas. 

Além de reconstruir cercas rurais e fazer a limpeza do que sobrou das casas queimadas, o grupo também está atuando na distribuição de alimentos para animais em alguns santuários nos arredores de Sydney.

"Juntamos doações de rações na minha van ou em caminhões de outros brasileiros e vamos distribuir em santuários, a algumas horas de distância de Sydney.  A alegria no rosto de quem recebe a ajuda é indescritível", conta Douglas Carvalho.
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Como saber mais da BBA/Brazilian Bushfire Aid? Source: Brazilian Bushfire Aid
Todos estes brasileiros voluntários, que também estão colocando dinheiro do seu bolso para ajudar, concordam que a melhor parte de tudo isso são os laços pessoais que se formam com as famílias locais, ver a alegria nos seus rostos e saber que, de alguma forma, conseguiram minimizar um pouco o sofrimento destes australianos. 

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