Não bastasse o horror diário dos números de mortos e infectados e
o mais recente desastre em Manaus, com pessoas morrendo nos corredores dos hospitais por falta de ar
, os brasileiros agora testemunham o racionamento de vacinas em seus estados e municípios. A alegria e esperança geradas com a aprovação emergencial da vacina chinesa, a celebração das primeiras doses administradas, nas enfermeiras Mônica Calazans, de São Paulo, e Dulcinéia da Silva Lopes, ao pé do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, deram lugar à dura realidade de que a vacinação em massa será um processo muito mais longo e lento do que o inicialmente anunciado.
O Brasil conta atualmente com 8 milhões de doses das vacinas da chinesa Coronavac e da Oxford/Astra Zeneca (que chegou ontem da India), e 4,8 milhões de doses que estão sendo rotuladas e embaladas pelo Instituto Butantan em São Paulo. São 12,8 milhões de doses.
De acordo com o , o Brasil conta com 77 milhões de pessoas definidas pelo governo federal como prioritárias para a fase inicial da imunização.
A primeira versão do PNI colocava 49 milhões de pessoas nos grupos prioritários: trabalhadores da saúde na linha de frente; moradores de lares de idosos e idosos; pessoas com deficiência e população indígena vivendo em terras indígenas. Com a atualização do dia 20 de janeiro o governo adicionou trabalhadores industriais e portuários à lista de prioritários.
Nas contas do Ministério da Saúde, isso totaliza 77 milhões de pessoas, que exigirão 154 milhões de doses, já que todas as vacinas existentes no momento dependem da aplicação de duas doses em cada pessoa.
As 12,8 milhões de doses da Índia e da China nem arranham a superfície da demanda pela vacina em um país com as dimensões do Brasil, disseram especialistas brasileiros em saúde pública à agência de notícias Associated Press.
Eles alertaram também para os problemas de logística e atraso dos embarques de insumos e matérias-primas da Ásia.
O Instituto Butantan espera que uma nova leva de insumos chegue da China até o dia 10 de fevereiro. Para essa data, está programada a chegada de um carregamento com pouco mais de 5 mil litros do produto usado para produzir a Coronavac. Com isso, será possível produzir cerca de 8 milhões de doses, de acordo com integrantes da instituição.