A urgência das medidas para conter a pandemia do coronavírus vai causando impacto profundo na vida das pessoas.
Estudantes fora da Austrália que ficaram no limbo com o banimento de viagens, anunciado na quinta-feira 19 pelo primeiro-ministro Scott Morrison.
Conversamos com a brasileira Fernanda Ferreira, de 37 anos.
Ela suspendeu seu visto por conta de uma urgência familiar. Está no Brasil e iria volta para a Austrália ainda em março.
"Eu estava em Melbourne estudando desde abril de 2017, ia completar três anos. Faço curto VET e estava trabalhando com baby-sitting. Em janeiro deste ano eu tive que retornar ao Brasil em um caso de urgência porque minha mãe estava doente. Voltei para acompanhar o tratamento e durante este tempo eu não cancelei meu visto, só suspendi. Este tempo iria acabar agora em março e eu iria retornar. Só que com esse problema do coronavírus eu não consigo voltar. Por enquanto eu estou no Brasil e não sei quando vou retornar."
Fernanda cursa Gerenciamento de Projetos na Greenwich Management College, em Melbourne. E tem uma vida agora em suspenso na Austrália.
"Eu dividia apartamento com uma indiana e acabei deixando algumas coisas, umas roupas, sapatos, porque eu falei que talvez voltaria em dois meses. No meu trabalho avisei que talvez eu voltaria. Como voltei por questão de doença, eu não tinha uma data para voltar, assim como eu poderia prolongar minha estadia no Brasil. Então deixei em aberto com meus ex-patrões, eles sabiam. Ela já sabe que está com este problema de entrada, então ela já deve ter alguém me substituindo.
Como a crise pegou todo mundo de surpresa, a escola que Fernanda frequenta também corre para manter o curso em plataforma online.
"A escola mandou um email dizendo que eles iriam disponilizar uma plataforma online, mas não deu um prazo e ainda não está disponível. Seria para todos os alunos porque a escola não está tendo aula, seria uma forma de frequentar e fazer os trabalhos que têm que ser feitos".
E como as decisões foram tomadas muito rapidamente e a recessão deve vir tanto no Brasil quando na Austrália, só resta para Fernanda aguardar.
"Eu ainda não tenho um plano B aqui no Brasil. Estou aguardando algum parecer daí, não sei quando vão liberar a entrada. Neste tempo vou ficar no Brasil e não tenho ideia se procuro trabalho, porque aqui está começando a entrar em recessão também. Algumas empresas estão dando férias coletivas em alguns setores, algumas estão liberando alguns funcionários para trabalhar em home office. Então não sei se aqui é um bom momento de aplicar para algum trabalho. Confesso que estou sem muita opção e aguardando um parecer daí para tomar um rumo de vez. Meus planos eram aplicar para residência, mas não sei como farei com esse processo, já que estarei estudando mas fora da Austrália. Então neste momento estou só aguardando um parecer daí".
A agente de imigração Karina Spooner, de Melbourne, ressalta a confusão de momento, mas lembra aos estudantes que esta é uma crise sanitária, e não migratória. Por isso as situações devem ser resolvidas em breve pelo governo.
"Logicamente esta situação tem criado um certo pânico, tanto para clientes fora do país como os que estão aqui também. Mas é importante lembrar aos que estão na Austrália que o travel ban imposto é somente uma questão de segurança pública, para tentar conter a pandemia. É um pouco alarmante, é a primeira vez que isso acontece na Austrália. Mas o conselho é que aguardem, que certamente o governo vai contornar essa situação de uma maneira que cause menos prejuízo possível para quem está sendo afetado. E para o pessoal que está dentro da Austrália, o conselho é que você continue fazendo o que já estava fazendo normalmente. A decisão final do seu processo não será afetada por este evento. E vamos continuar acompanhando o notíciario porque certamente haverá uma posição do governo quanto a isso".
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Desde 17 de março, somente pessoas que viajaram recentemente do exterior ou entraram em contato com um caso confirmado de COVID-19 e apresentaram sintomas dentro de 14 dias são aconselhadas a serem testadas.
Se você acredita que pode ter contraído o vírus, ligue para o seu médico, não o visite. Ou entre em contato com a linha direta nacional de informações sobre saúde com coronavírus no número 1800 020 080.
Se você estiver com dificuldades para respirar ou sofrer uma emergência médica, ligue para 000.
Os sintomas do coronavírus podem variar de doenças leves a pneumonia, de acordo com o site do Governo Federal, e podem incluir febre, tosse, dor de garganta, fadiga e falta de ar.