O Campo das Cebolas é uma praça no coração de Lisboa, junto ao rio Tejo, ao lado da emblemática Praça do Terreiro do Paço.
Há uma instalação nova a ser colocada ali.
É uma plantação fictícia de 540 canas-de-açúcar com três metros de altura cada, feitas em alumínio preto e separadas por 1,5 metros entre si.
No meio, existirá uma zona mais folgada da plantação com um anfiteatro semi-circular em betão, um ponto de encontro que também servirá para eventos culturais, como música, teatro, leituras ou diálogos académicos, logo que o controlo da pandemia o permita.
É assim o memorial que Lisboa vai abrir às vítimas da escravatura.
Porquê a representação de 540 canas-de-açúcar?
Com a cultura intensiva da cana-de-açúcar e da exploração lucrativa desta matéria-prima, foi impulsionado o comércio transatlântico de escravos. No século XVII, quase 10 por cento da população em Portugal era de origem africana e Lisboa tornou-se um dos maiores portos de escravos do mundo.
Para Portugal, como um dos pioneiros do comércio de escravos, é um desafio ainda hoje abordar esta deplorável página da História. Milhões de pessoas que foram retiradas das suas terras, mal-tratadas, vendidas e usadas como objetos, entre os séculos XV e XIX.
Foi aberto um concurso de ideias para levantamento de um monumento em Lisboa às vítimas da escravatura.
O artista angolano Kiluanji Kia Henda teve a ideia ganhadora, as 540 canas-de-açúcar que avivam a memória para séculos de violência e trauma.