Sophie Contreras é conhecida pelos amigos como a australiana mais brasileira de Melbourne.
Filha de pai australiano e mãe franco-espanhola Sophie descobriu o samba nas aulas de dança que frequentava em Melbourne. O que era hobby oito anos depois virou paixão e carreira.
Decidida a saber mais sobre o samba, suas origens e história, ela foi ao Brasil várias vezes, treinou muito, virou passista da Império da Tijuca, uma das maiores escolas do Rio de Janeiro, e abriu uma escola de dança em Melbourne.
“O samba é uma comunidade, ele conta a história do Brasil, e empodera as pessoas para que elas se expressem através da dança. Além disso, a música é tão empoderadora e alegre, que faz com que as pessoas se sintam livres e nada mais importa naquele momento. Isso é o que liberdade significa” Source: Silvio Barroso
“Desde a minha primeira viagem, eu criei uma conexão forte com o país e principalmente com o povo brasileiro. Nos últimos anos tenho ido ao Rio para desfilar na minha escola de samba, a Império da Tijuca. Esse ano inclusive levei minhas alunas para desfilar no Carnaval lá.”
Mas além de levar as alunas para o Brasil, Sophie, com suas lives aos finais de semana está agora ‘trazendo’ os profissionais brasileiros para a Austrália em um momento em que a indústria do samba no Brasil está atravessando uma de saus maiores crises financeiras por causa do coronavírus.São passistas, músicos, costureiros, eletricistas, engenheiros, carpinteiros, costureiras, marceneiros, pintores, contadores que com os preparativos para o Carnaval de 2021 parados perderam sua principal fonte de renda.
As alunas na Austrália nas lives com os sambistas brasileiros: "Eu tenho muitas alunas e todas são mulheres. Elas estão nos mais variados níveis, desde do básico até dançarinas profissionais. "Eu tenho mais ou menos entre 30 e 40 alunas nas aulas online. Elas são principalmente australianas, latinas e asiáticas. A idade varia muito, desde 20 até 50 anos e de todas as aparências físicas possíveis, o samba é para todos os tirpos de pessoas," diz Sophie. Source: Supplied
“Como passista eu vi os brasileiros nos tempos ‘bons’, agora com o coronavirus, as pessoas não têm trabalho, quem vive de samba já tem poucos recursos, mas agora eles não estão podendo alimentar suas famílias, eles estão sofrendo,” diz Sophie.
O professor convidado é remunerado e todo o dinheiro arrecadado é revertido para comunidades carentes no Brasil, principalmente as que vivem do samba e foram impactadas pelo coronavírus
Com a ajuda das alunas australianas duas organizações no Brasil estão conseguindo ajudar não só as comunidades do samba em São Paulo mas também moradores de rua, mendigos e carroceiros.
No Rio de Janeiro a ajuda à passistas, sambistas, músicos da Império têm sido tão benvinda que foi extendida à escola de samba da Vila Isabel.“Essa época do ano é quando as famílias, os chefes de família, mães de família já estariam trabalhando nas confecções, nos carros alegóricos, as passistas estariam ensaiando, se apresentando nas quadras, shows, o pagode, está tudo parado no Brasil são muitas as famílias que tinham sua renda e agora não têm mais nada,” conta Gabriel Castro, diretor artístico da Império da Tijuca no Rio de Janeiro.Marcus Prado, do Método MP em São Paulo, é o responsável pela coordenação do preparo e entrega das 200 refeições semanais. “As comunidades do samba sofrem bastante, parece diversão, mas existe um trabalho sério que nos dias de hoje faz uma falta tamanha, imensurável. Mas graças as lives estamos mais próximos, nós do Brasil e da Austrália, e acreditando num amanhã melhor. Muitas vezes quando dou aula, esqueço que estamos tão longe, vivemos o momento pela tela, como se nada lá fora existisse, nem o coronavírus”
Marcus Prado, do Método MP, conta que com a ajuda das alunas australianas o grupo está conseguindo doar semanalmente 200 refeições para moradores de rua e carroceiros em São Paulo Source: Supplied
Sophie e Gabriel Almeida, professor de português em Melbourne que tem trabalhado como tradutor intérprete dos professores brasileiros durante as lives e workshops sobre a história do Brasil Source: Supplied
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Residentes na área metropolitana de Melbourne estão sujeitos às restrições do Estágio 4 e devem cumprir o toque de recolher entre 8h da noite até 5h da manhã. A lista completa de restrições está aqui.
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