O segredo das bicicletas 'made in Portugal'

O que faz os fabricantes portugueses serem campeões europeus na exportação de bicicletas é a fama de qualidade no fabrico, com selins e quadros muito leves.

O que faz os fabricantes portugueses serem campeões europeus na exportação de bicicletas é a fama de qualidade no fabrico, com selins e quadros muito leves. Source: AP

Leves mas resistentes, são campeãs de vendas na exportação para o restante da Europa


Portugal é, no quadro europeu, um país de tamanho médio (89 mil km2). Tem o dobro do tamanho terrestre dos Países Baixos e o triplo da Bélgica, mas é o maior na Europa a exportar bicicletas: 2 milhões e 700 mil no último ano.

Portugal produz muita bicicleta mas pedala pouco. A bicicleta foi, por muitas décadas do século XX, o meio de deslocação dos pobres. Tinham bicicleta mas a aspiração era a de terem um automóvel.

Nos últimos 5 anos, o quadro mudou: as principais cidades e os eixos turísticos encheram-se de ciclovias. O desenvolvimento, por decisão política, de estratégias de mobilidade em bicicleta, a par do forte crescendo da consciência ambiental, tem puxado pelo uso da bicicleta.
Hoje, em cidades como Lisboa ou o Porto, apesar das colinas não serem amigas da pedalada fácil, há constante crescimento do número de utilizadores. São sobretudo jovens, parte expressiva do género feminino e, cada vez mais, de classe económica classificada como de média alta.

Em Lisboa está mesmo aberto um debate sobre a quem dar prioridade nos grandes eixos. E a ordem tende a ser, primeiro o peão, depois, a bicicleta e a seguir os veículos motorizados com prioridade dos transportes públicos sobre o automóvel privado.

Ainda em Lisboa, as ciclovias atravessam toda a cidade e a circulação de bicicletas é constante nos principais eixos, designadamente no eixo central que vai do Campo Grande ao Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade e Rossio até ao rio Tejo, na Praça do Comércio. O mesmo se aplica aos 24 quilómetros de faixa ribeirinha entre os terrenos da Expo, agora Parque das Nações, e Belém, depois com prolongamento de 20 quilómetros de ciclovia à beira mar até Cascais e outros 20 até às praias do Guincho.

A apoiar este virar dos portugueses para a bicicleta também estão, por um lado, os fortes incentivos fiscais à compra de bicicletas e a multiplicação de ofertas de serviço de bicicletas partilhadas, a baixo preço.

Um dado mais: as recolhas estatísticas mostram que a pandemia está a pôr mais gente a andar de bicicleta, como alternativa às aglomerações em autocarros e no metro.

Também está a crescer o mercado de bicicletas com motor elétrico de apoio.

O que faz os fabricantes portugueses serem campeões europeus na exportação de bicicletas é a fama de qualidade no fabrico, com selins e quadros muito leves.

A China, com 35% do mercado, é o maior exportador mundial. Segue-se Taiwan (16%), sendo que Portugal ultrapassou em outubro a Alemanha, os Países Baixos e o Cambodja, e posiciona-se assim também no pódio mundial.

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