Há três diferenças essenciais em relação ao pico da pandemia na Europa, em março e abril.
Primeira: o número de mortes é incomparavelmente mais baixo.
Segunda (e talvez explicação da primeira): os serviços de saúde estão a conseguir cuidar todos os casos de infeção pelo vírus.
Terceira: os contagiados deixaram de ser maioritariamente pessoas idosas, a maioria está agora na faixa entre os 15 e os 49 anos.
No entanto, o número de contagiados por dia em qualquer dos países europeus supera muito o contabilizado no pico da crise da pandemia, em março e abril. Certamente agora há o efeito de muito mais testes, mas os números desta pandemia que é causa de morte de um milhão de pessoas pelo mundo, no que vai de ano, assustam:
França, num só dia, com 16 mil contágios e cerca de 70 mortes.
Espanha, 12 mil por dia – mais de 100 óbitos também por dia.
A Bélgica está com 1500 novos contágios em cada dia – o numero de mortes está contido, cerca de cinco por dia, mas as hospitalizações disparam, tal como em todos os países europeus.
O Reino Unido ronda os 7 mil contágios diários e cerca de 30 mortes – já são, no total, mais de 40 mil no Reino Unido.
Alemanha também com novo máximo de contágios, 2500 em 24 horas.
Em Itália, o país mais massacrado na primeira vaga, agora situação relativamente controlada – média de 2000 novos contagiados e 20 mortos por dia. A Itália está a conseguir bons resultados com o uso generalizado de máscara.
Portugal está como a Áustria: entre 600 a 800 contágios em cada dia e cerca de cinco óbitos a cada 24 horas.
No leste europeu dispara o número de contágios diários: quase 3 mil na República Checa, 1600 na Polónia, 4.000 na Ucrânia, 7500 na Rússia.
São os números mais altos até agora nesses países.
Mais crítica é a situação em França e em Espanha.
Em França há regiões como Marselha onde está decretado o fecho total de restaurantes. Nem sequer podem abrir para take away.
Em Espanha, grande parte de Madri está em confinamento, não há circulação para fora do bairro.
Em Espanha como em França, a COVID já matou 31 mil pessoas.
Em Portugal, a situação nos lares parece enfim controlada, mas teme-se que o contágio dos mais novos introduza muita pressão sobre os hospitais.
O governo português mantém o fecho de bares e de bancadas nos estádios, e está a resistir às enormes pressões para aliviar restrições que, no entanto, a escalada do contágio recomenda que até se intensifiquem.
O treinador Jorge Jesus é porta-voz do movimento pela presença de adeptos do futebol nas bancadas dos estádios, mas o país que não é do futebol continua a opor-se.
Em suma, a Europa confronta-se com grande crescendo dos contágios, a circulação de pessoas entre países volta a estar muito reduzida.
Agora, há um avanço: as equipas de saúde estão muito mais preparadas e equipadas para combater o vírus. Os médicos já conhecem melhor o vírus e as terapias, os grupos de risco estão mais protegidos e a esmagadora maioria das infeções tem sido entre jovens adultos, com menor probabilidade de desenvolver doença grave. A combinação desses fatores faz prever uma letalidade mais baixa e uma evolução mais branda da COVID-19 em Portugal e na Europa. Mas a preocupação e o alerta estão a subir.