Aos franceses, com 4 pontos, basta um empate para garantirem a qualificação, mas neste cenário de empate correm o risco de caírem para segundo lugar, ultrapassados pela Alemanha, que tem (tal como os portugueses) apenas 3 pontos mas que tende para ficar com 6 ao receber em Munique a Hungria (que só tem 1 ponto, no empate com a França em Budapeste).
Os portugueses, com os 3 pontos da vitória, sofrida, arrancada nos últimos 8 minutos de jogo, mas expressiva, 3-0, sobre a Hungria em Budapeste, caíram depois numa derrota 2-4 diante da ressurgida Alemanha.
Os atuais 3 pontos, ainda que com quociente positivo entre golos marcados (5) e sofridos (4) dificilmente chegam para permitir o apuramento para os oitavos de final. Até podem garantir e à hora de começo do jogo os portugueses podem já ter essa resposta, porque também são apurados os 4 melhores dos 6 classificados em 3º lugar.
Essa vida com a calculadora na mão até já tem sido a história dos portugueses em campeonatos da Europa. Na edição anterior, 2016, os portugueses foram campeões depois de terem empatado os três jogos da fase de grupos. Então, passaram com os 3 pontos que já têm agora, eliminaram a Croácia no prolongamento dos oitavos de final, a Polónia, por penaltis, nos quartos de final, o País de Gales na semifinal e triunfaram sobre a França no prolongamento da final em Paris. Foi um triunfo, os portugueses foram campeões mas com tudo sempre muito batalhado e conseguido à tangente.
Agora, os portugueses repetem declarações de confiança em novo triunfo sobre a França, desta vez em Budapeste. É de reconhecer que a atual equipa de França é uma potência no futebol mundial e grande favorita neste europeu. Mas tem falhas, tal como Portugal também tem.
Ninguém esperaria que a França ficasse pelo empate, 1-1, com os húngaros a quem Portugal goleou, por 3-0.
A equipa portuguesa está a ressentir-se da ausência do determinante defesa-direito João Cancelo, que deixou a seleção quando já estava em Budapeste, por ter dado positivo num teste à Covid-19. O substituto, Nelson Semedo, não tem a influência de Cancelo na harmonia da equipa.
O outro lateral, Raphael Guerreiro, à esquerda, também não está na fase melhor. A alternativa óbvia, o jovem Nuno Mendes, revelação do ano no campeonato português, está a contas com uma lesão e é improvável que possa jogar frente aos franceses.
As debilidades dos defesas laterais contribuem para a estranheza de dois autogolos dos portugueses diante dos alemães. Os centrais portugueses, Pepe e Rúben Dias, mesmo o suplente José Fonte, são muito fortes e eficazes, mas não chegam para tapar falhas dos laterais,
O ataque está a ser um setor forte da seleção portuguesa. Cristiano Ronaldo aparece goleador (já marcou 3 neste europeu) e faz boa dupla com o rapidíssimo e oportuno Diogo Jota. Dois suplentes, o rapidíssimo Rafa e o poderoso Renato Sanches, quando entraram propiciaram melhores ocasiões de golo a Cristiano Ronaldo.
Admite-se que venham agora a entrar na equipa inicial.
Diante dos franceses os portugueses precisam de pontuar para não ficarem na corda bamba.
Os franceses têm Mbappé, os portugueses têm Cristiano Ronaldo.
No meio do campo os franceses têm Paul Pogba, os portugueses têm Bruno Fernandes, aliás, ambos, companheiros de equipa no Manchester United.
Este Portugal-França, em Budapeste, é um desafio que promete máxima vibração entre duas equipas com artistas de grande talento, forte espírito combativo e ampla experiência. Ou não fossem duas equipas atualmente campeãs, Portugal na Europa, a França no Mundo.