Rui Pinto revela crimes mas é ele quem está detido à espera de julgamento por violação de privacidade ao entrar em computadores de outos.
Já se sabia que o hacker português Rui Pinto, atualmente numa cadeia de Lisboa, após ter sido extraditado da Hungria, é poderoso a captar documentação em computadores de outros.
Rui Pinto descobriu os negócios por trás da fortuna da “mulher mais rica de África” Source: FERENC ISZA/AFP via Getty Images
Entrou nos computadores que guardam negócios do futebol, revelou relações perigosas e é por isso, por queixa do Benfica por violação e divulgação de documentação interna que ele está preso e a aguardar julgamento, acusado de 90 crimes, no processo que há de ir a julgamento e que começou com a denúncia da tentativa de extorsão à empresa de direitos de futebol Doyen.
Agora, a confirmação de que Rui Pinto é o responsável pela entrega de 715 mil documentos a uma plataforma que luta contra a corrupção em África (seguindo daqui para um consórcio internacional de jornais) tem o efeito de uma bomba.
Com essa confirmação, Rui Pinto deixa de ser apenas o pirata que tenta extorquir dinheiro a uma empresa que negoceia direitos de futebolistas, para se tornar no responsável pela queda do império obscuro da angolana Isabel dos Santos, deixa de aparecer como um banal hacker manipulado para pôr a nu práticas suspeitas no mundo do futebol para se aproximar da aura de Edward Snowden, o hacker que revelou a forma como o Estado norte-americano violava, em permanência, direitos individuais.
O hacker português Rui Pinto é o responsável pela entrega de 715 mil documentos a uma plataforma que luta contra a corrupção em África Source: AAP Image/AP Photo/Pablo Gorondi
Rui Pinto deixa de ser só o perigoso violador dos direitos básicos de privacidade, para se tornar, aos olhos dos cidadãos, num paladino na denúncia de corrupção de poderosos.
Em uma semana, fez cair muito do império da filha do ex-presidente de angola e a mulher mais rica de África.
Desmontou, tal como antes tinha feito com os casos do futebol, práticas suspeitas de nepotismo e corupção e a construção de fortunas com base em dinheiro de origem duvidosa.
Rui Pinto, 31 anos, nascido nos arredores do Porto, estudante de história que depois se especializou em informática coloca um problema à justiça que o quer condenar: ele é quem faz o trabalho da justiça e denuncia práticas criminosas de quem continua a mover-se em liberdade, e ele é que está preso.