Em 2001 com o 11 de setembro terrorista ou em 2020 com a pandemia que está a impor um nunca antes visto bloqueio do mundo?
Pelo meio houve o que foi chamado de Primavera Árabe – mas que não resultou – houve a crise financeira de 2008 com a austeridade que tantas pessoas apertou.
Há a escalada populista com a extrema-direita a irromper – está para se ver até onde vai esta vaga e há os alertas reforçados para a emergência climática.
Mas – nada (até agora) desorganizou a vida na terra – como esta ameaça biológica do virus é facto – nota em artigo no Le Monde Jerome Baschet, historiador que foi discípulo preferido do grande mestre Jacques Le Goff, é facto que isto anda tudo muito entrelaçado – desregulação do clima, decomposição social, descredito dos sistemas políticos, fragilidades financeiras.
Em suma, tudo isto leva – escreve Baschet – a que a estabilidade aparente que temos tido pelo mundo seja apenas uma máscara da instabilidade global crescente – e que temos feito por não tratar.
Este diagnóstico, claro, faz pensar – inclusive faz-nos pensar no que vem aí no a seguir que desejamos tão breve como possível – ou seja o regresso – à normalidade.
Questão, quando já estamos (como o gato que tem medo da água) escaldados – que normalidade é que queremos?
A que nos confronta com a ameaça de crise ambiental, climática – capaz de impacte social como este do vírus?
A que provocou poluição inaceitável – stress hídrico tremendo...
A que está a abalar vários eco-sistemas terrestres, com destruição acelerada de espécies?
Mais – com um modelo que deixa que uns seres humanos naufraguem no Mediterraneo e outros amontoados em campos de refugiados com condições, designadamente de higiene, inumanas?
Até o modelo de sociedade que tem desvalorizado profissões que agora estão a salvar-nos, o pessoal da saúde e quem nos alimenta, da agricultura e pesca à distribuição e pontos de venda…
António Guterres à cabeça da ONU, tal como o Papa, à cabeça da igreja católica bem nos têm avisado para a necessidade de repensar tudo – sendo que ainda não sabemos – quão maior vai ser a devastação com este virus.
Já está anunciado um primeiro caso de covid (é facto que até agora sem sintomas) entre os povos ameríndios da Amazónia – este caso na imensidão da floresta brasileira, na fronteira com a Colômbia – ora é conhecida a vulnerabilidade histórica dos indígenas aos vírus importados.
Também sabemos que as medidas de isolamento social que funcionaram em modo draconiano na China – e de modo variável na Europa e nos Estados Unidos não são aplicáveis – em meio-mundo mais pobre.
Alguém imagina alguma espécie de confinamento na imensidão, seja de Nova Deli ou Munbai, na India, de Lagos, na Nigeria, do Cairo – no Egito e em tantos lugares mais?
Este Covid já mostrou que não distingue ricos de pobres – até aqui – parece ter avançado mais pelas terras de ricos – e se avança plos territórios tão vulneráveis dos tantos mais pobres?
A ameaça é inquietante, imensa.
As pessoas na Austrália devem ficar pelo menos a um metro e meio de distância dos outros e encontros estão limitados a duas pessoas, a não ser que esteja com a sua família ou em casa.
Se você acredita que pode ter contraído o vírus, ligue para o seu médico, não o visite, ou ligue para a Linha Direta Nacional do Coronavírus no número 1800 020 080.
Se você estiver com dificuldades para respirar ou sofrer uma emergência médica, ligue para 000.
A SBS traz as últimas informações sobre o coronavírus para as diversas comunidades na Austrália.