O presidente brasileiro Jair Bolsonaro acusou organizações não governamentais de estarem por trás das queimadas na floresta amazônica, depois que países cortaram subsídios para projetos ambientais no Brasil. Segundo o presidente, 40% desses subsídios iam para essas ONGs, outros 60% ia para outros estados e municípios.
Especialistas em meio ambiente e mudança climática questionaram suas afirmações e disseram que isso foi uma ‘cortina de fumaça’ para esconder o desmantelamento dos dipositivos de proteção ambiental à floresta que antes existiam.
“Tudo indica”, que as ONGs botaram “fogo” na floresta, disse em um FB ao Vivo. Questionado se tinha provas, ele disse que esse tipo de coisa “não [se faz] por escrito, o pessoal vai lá e faz.”
“40% do dinheiro que as ONGs recebiam, não recebem mais, esse pessoal está sentindo. O fogo foi tocado em locais estratégicos da Amazônia, pelo que indica, o pessoal foi lá para filmar e tocaram fogo, o crime existe," ele disse. "Essas pessoas estão sentindo falta do dinheiro," disse no Facebook ao Vivo.
Dados do INPE, agência espacial brasileira, mostram que o número de focos de incêndio no Brasil em 2019 chegou a 72.843, e já é 83% maior que no ano passado inteiro.
O professor Rodney disse que, de acordo com a NASA, a agência que monitora a área há décadas, o número de incêndios neste ano é maior em comparação ao ano passado, mas apresenta a mesma média em comparação aos últimos 15 anos. “O problema é que a taxa de desmatamento subiu novamente, estava em uma tendência de queda e, no último ano, a derrubada da Amazônia e de outras partes do Brasil, como a floresta da Caatinga, começou a aumentar.”
O professor Rodney Natural disse que os incêndios florestais em florestas amazônicas são muito raros, por isso geralmente é o fogo causado pelo homem que causa o maior estrago. “A recuperação depende do que acontece depois do incêndio. As florestas que queimam uma vez podem potencialmente se recuperar, mas incêndios múltiplos feitos para abrir áreas para agricultura ou gado, pode levar anos para recuperar.
"Depende do que acontece depois do incêndio, mas se tiverem muitos incêndios, pode levar 100 ou até 200 anos para a floresta se recuperar", disse ele.Segundo o professor Rodney, é importante manter a área existente intacta.
"Depende do que acontece depois do incêndio, mas se houver muitos incêndios, pode levar 100 ou até 200 anos para a floresta se recuperar," disse Professor Rodney Keenan, especialista em mudança climática e estudos globais de florestas da Universidade de Melbourne. Source: The University of Melbourne
“É importante lembrar que essa é uma área enorme, 538 milhões de hectares, 60% dela no Brasil. A área é equivalente a South Australia, Western Australia e Queensland combinadas. Mas também há pessoas que vivem nessas áreas e precisam ganhar a vida e querem converter parte dessa área para fazer isso. ”
“O importante é ter um bom planejamento para que áreas de alto valor de conservação sejam protegidas e a limpeza seja restrita a áreas que já foram impactadas”.
A Amazônia é resiliente e de acordo com o professor Rodney Keenan, as florestas evoluiram com o tempo para se se recuperarem de incêndios causados por humanos, incêndios terrestres, atividade geológica, “há evidências de que as florestas podem se recuperar e são bastante resistentes, mas se você perder recursos naturais que alimentam as florestas e repetir incêndios, então a floresta será permanentemente afetada ”, disse ele.