Dona Onete, a diva do Carimbó, chega à Austrália

Dona Onete

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“Comecei cantando para os botos quando lavava roupa na beira do rio,” disse à SBS Portuguese. Dona Onete, 79 anos, se apresenta no Womadelaide nos dias 9, 10 e 11 de março no Botanic Park em Adelaide.


Nessa entrevista ela fala do início da carreira profissional aos 70 anos de idade (Dona Onete faz 80 em junho).

“Comecei cantando aos 9 anos de idade na beira do Rio das Flores, em Igarapé-Miri, para um boto, no dia seguinte veio outro, depois mais outro, de repente tinham dez botos, eu cantava para todos eles.”

Em Igarapé-Miri trabalhou como professora de história e estudos amazônicos e foi secretária de cultura do município.

Depois mudou para a capital Belém do Pará, onde participou de movimentos politicos pós-ditadura. Casou jovem e só o segundo marido realmente a motivou a sair de casa e cantar.

O começo da carreira profissional foi no Coletivo Rádio Cipó, uma banda de rock que mistura sons locais paraenses. “Comecei fazendo rock, sempre disse para meus alunos que rock não era coisa boa e fui fazer rock,” brinca falando dos tempos que era professor de história.

No Coletivo Rádio Cipó Dona Onete começou a gravar o carimbó, com nuances caribenhas e africanas, até que três anos mais tarde, decidiu começar a carreira solo. Tinha 73 anos quando lançou o primeiro disco ‘Feitiço Caboclo’.
Dona Onete
Dona Onete: as letras das mais de 300 composições próprias exploram a história paraense, dos rios, dos mares, os sons e lendas da amazônia Source: Supplied
A idade para Dona Onete nunca foi problema, ela diz que a juventude paraense e brasileira – pois conseguiu quebrar a hegemonia paulista, carioca e baiana dos ritmos que fazem sucesso no Brasil  – a segue e adora sua múscia.

Ela agora se apresenta sentada, mas isso não a impede de viajar pelo mundo, fazer shows ao vivo, cheios de energia, acompanhada por cinco músicos.  

Dona Onete se consagrou internacionalmente e já fez turnês em Portugal (“perdi as contas do tanto de vezes que fui à Portugal”), França, Dinamarca Espanha, Estados Unidos e até Malásia.

As letras das mais de 300 composições próprias exploram a história paraense, dos rios, dos mares, os sons e lendas da amazônia e também histórias engraçadas cheias de malícia. 

Seu mais recente lançamento, ‘Festa do Tubarão’, fala da baía de Guajará. A baía que é formada pelo encontro da foz dos rios Guamá e Acara e que banha Belém do Pará. “Rebujou, rebujou, tubarão chegou. Pra fazer a festa, pra fazer a festa na Baía Do Guajará... E se você não é feliz, felicidade a gente inventa, o nosso folclore, a nossa cultura, os nossos costumes, tradição e linguajar. É cultura popular,” canta Dona Onete, um canto sem fronteiras, agora também na Austrália.

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