Juan Carlos partiu de Portugal para autoexílio na República Dominicana

O Rei Juan Carlos, da Espanha, em foto de 2014.

Spanish lawmakers are set to vote in favour of a law allowing the abdication of King Juan Carlos. (AAP) Source: APP

A Espanha em choque com a desgraça ética e moral do rei que foi herói na transição para a democracia


Na semana passada tivemos aqui a história (triste) do rei de Espanha, Juan Carlos, que tinha sido baluarte da democracia, mas que, com histórias de corrupção e saias, se tinha tornado o maior inimigo da monarquia espanhola.

Nesta segunda-feira, Juan Carlos, que continua com o título de rei emérito, viajou de automóvel até ao Porto, no norte de Portugal, onde embarcou num avião rumo à República Dominicana.

Juan Carlos está agora instalado em La Romana, um complexo turístico exclusivo, propriedade dos multimilionários Fanjul, conhecida família cubana com fortuna feita a partir das explorações de açúcar.

Os Fanjul são amigos de há muito daquele que foi o muito respeitado rei de Espanha, eram patrocinadores de regatas em veleiros, um dos desportos cultivados por Juan Carlos.

O facto de ter escolhido a cidade portuguesa do Porto para deixar a Europa, indicia que à volta de Juan Carlos se temia que a justiça espanhola tratasse de impedir a saída que o governo da Catalunha está a classificar como fuga, mas que o residente do governo de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, negociou com a Casa Real,
em nome da necessidade de defesa das instituições, no caso a monarquia espanhola.

O chefe do governo fez questão de manifestar total apoio ao atual rei, Felipe VI, cuja casa real divulgou uma carta do rei emérito, no momento em que ele já estava a bodo do avião privado que o levava do Porto para a República Dominicana.

Nessa carta, Juan Carlos, que se dirige ao filho como “Majestade, querido filho”, escreve que  “considerada a repercussão pública de acontecimentos passados” na vida privada dele, de modo a facilitar o exercício de funções do atual Rei, Juan Carlos decide deixar Espanha, declarando-se no entanto, disponível para colaborar com a Justiça.

Espanha está em estado de choque, atestado pelos editoriais e manchetes nas primeiras páginas dos principais jornais.

“Juan Carlos deixa Espanha para não causar mais dano ao reinado do filho” - título único no diário ABC.

El País e La Vanguardia convergem: “Juan Carlos I abandona Espanha”.

No diário independentista catalão ARA, a manchete é “Juan Carlos fugiu”.

Todos acrescentam que o o rei emérito deixou Espanha no momento crítico das investigações sobre fundos secretos de Juan Carlos em paraísos fiscais, dinheiro supostamente de comissões por negócios envolvendo o Estado espanhol.

A fratura da anca quando, sem que se soubesse, participava numa caçada, com uma amiga íntima, no Botswana é o acontecimento que fez mudar a perceção da Espanha em relação ao então ainda rei em plenitude.

O país, então em dura austeridade, resgatado financeiramente pela Europa e com o desemprego à volta dos 20%, ficou em choque com aquela escapada que também mostrava que o casamento com a muito estimada rainha Sofia já não existia.

Seguiram-se, até agora, oito anos de queda contínua do rei que tinha sabido transformar a ditadura franquista em democracia plena, ainda que sempre minada pela corrupção, que parece tê-lo também envolvido.

Reinou durante 40 anos. Agora, derrotado, de bengala e muletas, aos 82 anos de idade, o rei que foi herói de Espanha, foge para longe. Nota-se em muitos espanhóis dificuldade em criticá-lo.

Juan Carlos abdicou do trono há 6 anos, passando-o ao filho, o atual rei Felipe VI, que, dolorosamente, tenta mostrar a maior distância em relação às trapalhadas do pai, e procura salvar a força ética da instituição monárquica em Espanha. Não está fácil.

É indiscutível que se a Espanha é hoje o que é, com a sua influência cultural, o seu nervo económico, a sua impressionante infra-estrutura ou o seu dinamismo social, deve-o muito ao papel que Juan Carlos teve nos anos críticos da transição, no quarto final do século XX. Mas os derradeiros gestos e as últimas decisões, as atitudes recentes são quase sempre as histórias que determinam as biografias e Juan Carlos I dificilmente escapará a esse destino.

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