Numa carta aberta assinada por 187 escritores lusófonos, que vão de brasileiros como Chico Buarque, Luis Fernando Veríssimo, Nélida Piñon e Milton Hatoum aos portugueses Mário Cláudio, Luisa Costa Gomes, Hélia Correia ou Lídia Jorge passando pelo moçambicano Mia Couto e pelos angolanos Pepetela, Ondjaki e José Eduardo Agualusa, os signatários exigem que sejam assumidos compromissos políticos para impedir uma “escalada” do populismo, da violência e da xenofobia.
Os signatários defendem que não se pode olhar para o lado sob pena de se emudecer e escrevem: “Temos de reagir antes que seja tarde. E usar as palavras contra o insidioso ataque à democracia, ao multiculturalismo, à justiça social, à tolerância, à inclusão, à igualdade entre géneros, à liberdade de expressão e ao debate aberto”, escrevem os autores, realçando que “quem gosta de Portugal jamais diz ‘Vão!’, antes diz ‘Venham!’”.
Este abaixo-asinado decorre de movimentações inéditas em Portugal com carácter extremista, e mensagens nacionalistas e racistas. Há mesmo ameaças que estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária, designadamente o facto de um grupo de dez pessoas, com dstaque político e no ativismo social, ter recebeu uma ameaça por email a
intimá-las a abandonar o “território nacional” em 48 horas e a rescindir “as suas funções políticas”.
São ameaças que estão a suscitar grande repúdio na generalidade da sociedade portuguesa. No entanto, numa sondagem desta semana sobre intenções de voto nas eleições presidenciais apontadas para janeiro do ano que vem, o pré-candidato André Ventura, do novo partido Chega, com ideologia nacionalista extremista, aparece com 10% das intenções de voto, porém muito longe dos 67% para o atual presidente Marcelo Rebelo de Sousa, cuja reeleição sempre tem estado dada como uma certeza.
O racismo e o extremismo de direita é uma questão nova na discussão pública em Portugal.