A redução dos navios de cruzeiro e de carga e, consequentemente, da poluição orgânica e sonora, provocada pela pandemia, é uma das explicações para o aumento dos avistamentos de golfinhos, igualmente registado em vários lugares do mundo onde a sua presença era rara.
Tão importante quanto a diminuição do tráfego marítimo é a redução da pesca, que provocou uma abundância de peixe nas águas do Tejo. A pesca à beira do rio baixou muito, primeiro com o confinamento e agora com a obrigatoriedade de distância entre pessoas no espaço público.
Os golfinhos entram no Tejo quando a maré começa a encher, sobem pelo rio até norte de Lisboa, e voltam a sair horas depois, quando a maré começa a vazar
Ainda não se conhece com rigor científico a dimensão e características das famílias de golfinhos que visitam o rio Tejo (que nasce em Espanha, acima de Madrid, e desagua em Lisboa), mas os que marcam presença mais regular são os golfinhos comuns, espécie protegida desde 1981, que têm cerca de dois metros de comprimento e 100 quilos de peso e que são facilmente reconhecidos pelo seu corpo esguio preto e branco e pelo bico curto e pontiagudo.
É normal verem-se grupos de 15/20 elementos, sendo certo que “os que se veem à superfície são cerca de metade dos que estão debaixo de água”. Mas já foram vistas famílias com mais de 100.
Ocasionalmente veem-se também golfinhos roazes, de cor cinzenta, que chegam a ter quatro metros de comprimento e a pesar mais de 400 quilos. Não são residentes no Tejo, como acontece no rio Sado, 40 quilómetros para sul, mas grupos nómadas, que vivem no mar entre o Cabo da Roca e o Cabo Espichel e que por vezes entram no Tejo à procura de alimento.
A imagem de golfinhos a dar saltos acrobáticos com Lisboa em fundo está a transformar-se rapidamente num dos principais cartões de visita da capital portuguesa - a única capital em toda a Europa onde é possível vê-los em liberdade em meio natural.