Portugal acaba de tomar a decisão de vacinar contra a covid também os jovens adolescentes entre os 12 e os 15 anos. São 400 mil jovens e vão todos ficar vacinados até ao início do próximo ano escolar, daqui a 40 dias.
A decisão de vacinação universal, gratuita dos jovens, é uma decisão técnico-científica, tomada depois do apuramento de que alguns casos verificados em outros países de miocardite, ou seja inflamação do músculo cardíaco, são não apenas raros – ocorreram alguns, mas em percentagem ínfima – mas mesmo esses quase todos com evolução benigna.
Considera-se que os benefícios superam muito amplamente os riscos e que esses riscos são conhecidos, são controlados.
Pretende-se assim que até meados de setembro próximo, 85% da população residente em Portugal fique com dupla vacinação contra a Covid-19.
Ao mesmo tempo está em estudo a conveniência de ser decidida a terceira dose de vacinação de toda a população. A divulgação de um estudo do prestigiado Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - que concluiu que, três meses após a toma da vacina, os anticorpos começam a baixar - contribuiu para que a questão da 3ª dose da vacina entre em discussão pública, num momento em que os cientistas estudam a questão e pedem calma, repetindo que não faz sentido, de momento, suscitar alarme sobre o tema.
Preocupado mesmo com a eventualidade de esta questão [3ª dose]] se transformar “em uma fonte de ruído no debate sobre a pandemia”, o investigador principal do Instituto de Medicina Molecular Miguel Prudêncio lembra que “os anticorpos são uma das componentes do nosso sistema imunitário, não a única” e que “não podemos retirar conclusões em função dos níveis de anticorpos em circulação”.
A diminuição da quantidade de anticorpos ao longo do tempo “é uma coisa normal, os anticorpos sobem depois do estímulo, atingem o pico, e depois começam a cair, não é inesperado nem preocupante e não implica necessidade de reforço da vacina”.
Esta questão da eventual necessidade de 3ª dose e até outras da vacina anti-Covid19 cresceu na discussão pública em Portugal após saber-se do surgimento de novos surtos em lares onde a população tinha sido vacinada há seis ou sete meses.
Os surtos de Covid em residências para idosos foram muito inquietantes no começo deste ano. Estão associados a mais de 300 mortes de idosos. Desde março não havia casos de Covid nas residências portuguesas para idosos.
Subitamente, nesta segunda-feira, foram oficialmente revelados 53 surtos ativos em lares de idosos, que envolviam 829 casos de infeção diagnosticados, sendo o mais preocupante o ocorrido no lar da Santa Casa de Proença-a-Nova, no centro do país, com 127 casos ativos.
A preocupação cresceu com a revelação de morte de três pessoas que tinham há mais de seis meses dupla dose de vacina. Trata-se, porém de pessoas com idade perto dos 90 anos com outras fragilidades, designadamente cardiorrespiratórias. Foi detetada a presença nessas pessoas da variante Delta do virus, mas a causa da morte não está necessariamente diretamente ligada à presença do virus.
Mas estes casos reforçam a pressão para a investigação que está em curso sobre a eventual necessidade de reforço da vacina com uma 3ª dose.
Para já, 65% da população portuguesa está vacinada com as previstas duas doses, sendo que 90% dos mais de 50 anos estão duplamente vacinados. Agora, avança a vacinação do grupo entre os 12 e os 15 anos.
O líder do partido Chega, de extrema-direita, André Ventura é um dos adultos que não quis ser vacinado. No fim de semana, após serem constatados sintomas, foi diagnosticado como contagiado pela Covid-19. Está em isolamento em quadro clínico considerado não grave.
Nas últimas 48 horas ocorreram em Portugal 35 mortes por Covid-19. Há 2200 novos infetados, a maioria com menos de 30 anos e sem sintomas.
A variante Delta corresponde a 98% dos casos de infeção ativa em Portugal, país onde avança o desconfinamento mas com exigência, para acesso a restaurantes e espetáculos, de certificado de vacinação com 2 doses.