A ação foi movida pelos familiares dos irmãos Camila e Luiz Taliberti Ribeiro da Silva, e de Fernanda Damian de Almeida, mulher de Luiz, grávida de cinco meses; o bebê, que se chamaria Lorenzo, também está incluído na ação.
Outra exigência da ação é que se faça - em todas as assembleias dos acionistas - um minuto de silêncio seguido de um pedido de desculpas da Vale a todas as vítimas de Brumadinho.
“O que entendemos é que a Vale nos deve uma desculpa por aquilo que fizeram, um assassinato em massa, que foi por morte de violenta, nossos filhos não tiveram tempo algum para se defender. Queremos que esse pedido se torne em forma de um memorial que esteja espalhado por todas as unidades da Vale no mundo,” disse Vagner Diniz, padrasto dos irmãos Luiz e Camila.De acordo com a ação as famílias das vítimas entenderam que só uma indenização da ordem de R$ 40 milhões (AU$14 milhões) cerca de R$ 10 milhões (AU$3,5 milhões) por familiar morto poderia dar um caráter punitivo e educativo à empresa, que apresentou mais de R$ 25 bilhões (AU$8.9 bilhões) em lucros em 2018.
Luiz e Fernanda: famílias exigem que a foto de seus filhos seja colocada em todas as unidades da empresa no Brasil e no exterior. Source: Facebook
Questionado se estão preparados para passar pelo moroso processo judicial, Vagner Diniz disse que estão cientes e que “irão até o fim.”
“Para a gente esse processo, e seguir em frente, é uma forma de nos compensarmos pelo sofrimento que a gente tem vivido desde então. Tem sido momentos muitos dolorosos, a ausência dos nossos filhos, nossa nora, [grávida] do nosso primeiro neto, que seria o Lorenzo. Eu me sinto como que demitido da função de ser pai. A partir daquele 25 de janeiro eu não pude mais ser pai e sem nenhuma explicação para isso”
Segundo ele, a ação contra a Vale não vai resolver a ausência dos filhos, mas vai dar motivação para as famílias continuarem lutando para que coisas desse tipo não aconteçam mais.
Diniz disse ressaltou à SBS o apoio e carinho que tem recebido dos colegas de trabalho e amigos de Luiz, na Austrália. “Eu tenho sentido por parte dos amigos do Luiz na Austrália, um apoio, um acolhimento muito grande, um amor que vem na forma de abraços, de filmes que eles produzem aí na Austrália e mandam pra gente. “Eu agradeço muito a todos que conviveram com o Luiz e com a Fernanda, isso tem sido muito bom.”
A petição foi apresentada ao Juiz de Direito do Foro da Comarca de Brumadinho, no Estado de Minas Gerais, pelos advogados Roberto Delmanto Jr. e Paulo Thomas Korte.
A Vale anunciou três tipos de doações diferentes aos atingidos pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Os valores variam de R$ 15 mil (AU$5,3 mil) a R$ 100 mil (AU$ 35 mil), e são destinados aos familiares das vítimas atingidas pela barragem.
Casal Luiz e Fernanda, de Sydney, passava férias no Brasil
A família estava hospedada na pousada Nova Estância que foi engolida pelo mar de lama desencadeado pelo rompimento da barragem da Vale.
Além de Luiz e Fernanda, que estava grávida de 5 meses, a irmã dele, Camila Taliberti, de 33 anos, o pai, Adriano Ribeiro, de 61 anos, e sua esposa Maria de Lurdes Bueno, de 59, também foram vítimas do rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais.
O colapso da represa da Vale já matou 231 pessoas, enquanto 69 ainda estão desaparecidas, de acordo com o boletim mais recente da Defesa Civil de Minas Gerais.