A judoca portuguesa e quase médica Catarina Costa ficou a um pequeno passo de logo ao primeiro dia dar uma medalha a Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Caiu já no combate de atribuição de medalhas na categoria -48Kg, depois de um percurso em que bateu, por exemplo, a bicampeã olímpica em título, a argentina (que também é médica) Paula Pareto.
Portugal está em Tóquio com 92 atletas, vários com aspirações fundadas a pódios, sobretudo no judô, no atletismo, na canoagem, na vela, no tênis de mesa e no ciclismo. A seleção portuguesa de andebol com fortíssimo espírito de equipa, pode ser uma boa história nestes Jogos Olímpicos – mas não começou bem, perdeu 37-31 com o Egito. Tudo segue em aberto.
Os 92 atletas portugueses competem em 67 eventos de 17 modalidades distintas. Do total desta delegação de Portugal, 36 são mulheres, o que constitui a maior representação feminina de sempre.
Claro está que todos com passaporte português, portanto nacionalidade portuguesa, mas estas seleção lusa integra três atletas naturais no Brasil e outros três em Cuba, dois da China e mais 10 de 10 países diferentes: Camarões, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Costa do Marfim, Congo, Suíça, França, Ucrânia, Geórgia e Estados Unidos. Toda esta gente em Tóquio com a camisola de Portugal e há neste grupo gente para as medalhas, casos do luso-cubano Pedro Pablo Pichardo no triplo-salto masculino e da luso-camaronesa Auriol Dongmo no peso feminino, ambos entre os melhores do mundo.
No triplo salto do atletismo Portugal entra muito forte, quer com Pichardo, quer com Nelson Évora que arrebatou o ouro em Pequim 2008 e que continua poderoso.
Há que contar com as cores portuguesas também no judô. O judoca bicampeão do mundo Jorge Fonseca é mesmo favorito para a medalha de ouro na categoria de -100 kg.
Telma Monteiro conquistou o bronze no Rio de Janeiro e, recém consagrada como campeã da Europa, aspira a novo pódio em Tóquio. Também com alta cotação Barbara Timo (menos de 70 quilos) e Rochelle Nunes (+ de 78), ambas nascidas no Brasil.
No andebol, depois de uma qualificação épica apenas conquistada nos últimos segundos com uma vitória em França, a seleção portuguesa está em Tóquio para continuar a fazer história. O caminho até às medalhas não será nada fácil, mas a equipa de Paulo Jorge Pereira já mostrou que é uma máquina competitiva difícil de abater.
Para conseguir a qualificação para os quartos-de-final (passam os quatro primeiros de cada grupo), o verdadeiro desafio para a selecção portuguesa será terminar o mais alto possível e evitar um cruzamento complicado no primeiro dos jogos a eliminar.
A derrota (37-31) com o Egito contraria alguma da confiança portuguesa. Em teoria, Portugal é favorito nos jogos com Bahrein e Japão, mas um bom resultado frente ao bicampeão mundial Dinamarca e/ou com a Suécia (que bateu no último Europeu de forma clara) deixará os “Heróis do Mar” potencialmente com um bom parceiro do outro grupo, onde estão França, Espanha ou Alemanha. E passando os “quartos”, Portugal fica logo em posição de lutar pelas medalhas, o que não seria nada menos do que extraordinário.
O atletismo, para além de Pichardo e Nelson Évora no triplo salto e de Auriol no peso, atenção a João Vieira, o experiente português dos 50km marcha, ele é especialista em provas difíceis, como mostrou nos Mundiais, onde foi medalha de prata.
Também a acompanhar as sempre fiáveis Patrícia Mamona (triplo) e Ana Cabecinha (20km marcha), sempre capazes de grandes momentos nas grandes competições.
A canoagem continua a ser uma das modalidades em que melhor se trabalha no desporto português, apresentando sempre embarcações de topo nas grandes competições.
Fernando Pimenta, em K1 1000m, e o K4 500m com Emanuel Silva, João Ribeiro, David Varela e Messias Baptista, têm aspirações legítimas a posições de pódio, objectivo falhado por muito pouco nos jogos do Rio de Janeiro.
A prata de Emanuel Silva e Fernando Pimenta no K2 1000m em Londres 2012 continua a ser a única medalha da canoagem portuguesa. Mas isso pode mudar em Tóquio.
Na prova equestre de saltos a cavalo, a luso-brasileira Luciana Diniz esteve perto das medalhas em 2016 no Rio de Janeiro e volta a apresentar-se com ambições em Tóquio no concurso de saltos, tendo desta vez a companhia da equipa de dressage.
O judô foi a modalidade que deu a única medalha a Portugal há 5 anosa no Rio de Janeiro – o bronze de Telma Monteiro – e pode bem ser a primeira modalidade a dar uma de ouro para além do atletismo.
Jorge Fonseca, bicampeão mundial, quer fazer uma dança no tatami do Budokan, sendo um dos favoritos em menos -100kg, mas não é o único judoca com aspirações. Qualquer um dos oito que estão em Tóquio (maior representação de sempre do judo) pode ter um grande dia olímpico. Como teve Telma no Rio, e como espera voltar a ter nesta sua quinta participação olímpica.
Expectativa no skate. Numa das estreias no programa olímpico, Portugal tem um candidato sério a uma medalha. Gustavo Ribeiro é um dos melhores do mundo em street skate e parece bem descontraído (e até um pouco indiferente) em ambiente olímpico. Para ele é só mais uma prova em que se pode divertir. E isso pode ser bom.
No ténis de mesa, Marcos Freitas, João Monteiro e Tiago Apolónia são garantia de competitividade total, seja individualmente, seja em equipa. E nada menos que uma medalha os deixará satisfeitos, embora seja muito difícil.
A vela é mais uma modalidade em que Portugal tem tradição de bons resultados olímpicos – quatro medalhas.
São três as embarcações que estarão em Tóquio, o 49er de Jorge Lima e José Costa, o 470 dos irmãos Diogo e Pedro Costa, e o Laser Radial de Carolina João.
Os irmãos Costa, ambos estudantes de engenharia, estarão no mar japonês para defender o estatuto de vice-campeões do mundo alcançado já em 2021.
Em suma, quem puxa por Portugal tem bons programas para agendar e há gente com justificada aspiração a medalhas.
Um facto que é muito notado: a alegria que se sente na equipa olímpica de Portugal. Muito bom ambiente.