Xanana: "Neste momento a relação é de muito mais confiança com a Indonésia do que com a Austrália"

Former Prime Minister and President of Timor Leste Xanana Gusmao found out Australian intelligence agents had bugged Timor-Leste's cabinet rooms

Source: AAP

Ex-líder timorense, Xanana Gusmão, esteve em Portugal para o lançamento do livro "Passar dos Limites - A História Secreta da Austrália no Mar de Timor", da jornalista australiana Kim McGrath, sobre o complexo relacionamento entre a Austrália e Timor nos últimos 50 anos.


O ex-líder timorense e agora negociador de fronteiras e petróleo espera (da exploração dos recursos naturais no Mar de Timor) receitas entre os 20 e os 35 biliões de dólares para o desenvolvimento de Timor.

Xanana Gusmão assume que neste momento tem relações mais confiáveis com a Indonésia do que com a Austrália.

Xanana viajou a Lisboa para participar no lançamento do livro "Passar dos Limites - A História Secreta da Austrália no Mar de Timor", da jornalista australiana Kim McGrath, que aborda o complexo relacionamento entre a Austrália e Timor nos últimos 50 anos.

A existência de um esquema de escutas montado em 2004 pelos serviços secretos australianos em escritórios do Governo timorense, em Díli, durante as negociações para um novo tratado para o mar de Timor, denunciada por um ex-agente dos serviços secretos australianos, conhecido como "testemunha K" é tema âncora.

Nas entrevistas em lisboa Xanana tentou alguma contenção diplomática, silêncios mais longos do que os habituais em respostas sobre questões focadas no relacionamento com a Austrália, notou-se que Xanana trouxe uma resposta pensada e várias vezes repetida: “é a Austrália quem tem de provar” (entenda-se: se a relação pode ser de confiança).

Xanana, em múltiplas declarações, disse que Timor se sentiu traído por "um país amigo" – referiu a Austrália, aquando do uso dos serviços secretos do combate ao terrorismo em função de grandes interesses económicos.

"Não era a segurança do Estado que estava em causa, mas o facto de se ter utilizado a inteligência militar para espiar assuntos de negócio entre a riquíssima Austrália e o paupérrimo Timor-Leste", considerou o antigo chefe de Estado timorense, agora chefe da equipa negocial timorense para a delimitação das fronteiras marítimas e também da missão negocial timorense sobre a exploração de petróleo.

Xanana mostrou confiança de que no final de setembro possa ser possível concretizar avanços na adoção do acordo entre Timor-Leste e a Austrália sobre exploração de petróleo.

Nesta visita a Portugal, Xanana repetiu que as receitas do petróleo e do gás propiciarão receitas decisivas para o desenvolvimento de Timor Leste. Estimou essas receitas entre os 20 e os 35 biliões de dólares.

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