Dayse Jourdan, Consultora de Negócios e Tecnologia da Informação, veio pela primeira vez a Austrália em 2007 onde trabalhou por dois anos na empresa de telecomunicações Tesltra. Ela lembra até hoje suas primeiras impressões do país. “A minha primeira impressão da Austrália mais marcante foi a da igualdade social, pessoas de todos os níveis sociais e culturas convivem de maneira muito harmônica,” recorda.
Depois de dois anos em Melbourne, Dayse retornou ao Rio de Janeiro, onde ficou por oito anos. Em 2009, o Brasil estava passando por uma boa fase econômica, social e política.
“Era hora de voltar. Eu estava me sentindo um pouco homesick, saudades de casa, passando por alguns problemas emocionais, incertezas. Na época o Brasil não estava enfrentando a crise que está enfrentando hoje, que foi o que me fez sair de lá e voltar para a Austrália.”
Após a onda de demissões que assolou o Brasil na época, Dayse e o marido conseguiram um visto de mestrado e resolveram tentar a vida na Austrália. “Quando você sai do Brasil e vai morar em um país onde a cultura é muito diferente, ou você vai se identificar mais com essa nova cultura e essa maneira de viver ou você volta para o Brasil e se contenta com a qualidade de vida que você tem lá, muitas pessoas conseguem ter uma ótima qualidade de vida no Brasil.”
“Eu paguei para ver, foi bom ter voltado”
Fernanda Olmedo, estudante em Melbourne, veio para a Austrália em 2011, onde ficou por três anos. Casada e com o filho pequeno, ela e o marido australiano resolveram retornar para Aracaju, Sergipe, sua cidade natal. “Nada na Austrália me satisfazia, tive meu filho aqui e voltei com filho e marido para Aracaju,” relembra.
“Os primeiros meses de retorno ao Brasil foram maravilhosos, matamos a saudade de tudo e de todos, tudo novidade. Mas depois que o dinheiro começou a ir embora… meu marido australiano começou a ter os problemas que eu tinha aqui, de adaptação da língua, fazer amigos, trabalhar no que gosta… começamos inclusive a ter problemas no casamento.”
Foi quando após comum acordo, Fernanda e o marido decidiram voltar para a Austrália. “Foram três razões: a dificuldade de adaptação do meu marido; o fato de o Brasil já não ser o mesmo Brasil que eu deixei e por fim, a criação que eu quero dar para o meu filho que eu não poderia dar lá,” diz Fernanda, acrescentando que as comparações começaram a se tornar inevitáveis.
Ao voltar ao Brasil, Fernanda recorda que conseguiu sanar todas as dúvidas, pois enquanto vivia na Austrália sempre pensava como seria a vida no Brasil, e que agora sabe lidar com as saudades.
A família Olmedo: “Os primeiros meses de volta ao Brasil foram maravilhosos, matamos a saudade de tudo e de todos, era tudo novidade." Source: Supplied
Segundo Fernanda a experiência de ir e vir foi muito difícil e dolorosa mas de um grande crescimento. "Eu paguei para ver, foi bom ter voltado para o Brasil, eu precisava desse momento pois poderia continuar vivendo com a ilusão de que eu seria mais feliz lá,” diz.
“Foi difícil voltar a morar no Brasil depois do intercâmbio”
Ana Paula Morais Silva, gerente de marketing, voltou ao Brasil após dois anos de intercâmbio na Austrália. Ela veio para Melbourne em 2015. O objetivo era melhorar o inglês, ganhar experiência profissional e avançar na carreira.
Ana recorda que passou por um período de incertezas depois de seis meses na Austrália, a dificuldade com o idioma, de negociar um apartamento para morar, de procurar emprego na área e até fazer amigos. “Tudo era muito difícil. Fui passar férias no Brasil e lá decidi que retornando para a Austrália eu ia encarar o meu intercâmbio de maneira diferente, mais voltado para a minha carreira e objetivos profissionais.”
Ana voltou a São Paulo em março de 2018, e nos deu essa entrevista poucos meses após seu retorno.
Ana Paula: "Acho que é mais difícil voltar para o Brasil do que ir [para outro país]" Source: Supplied
“Acho que é mais difícil voltar para o Brasil do que ir [para outro país], pois na ida você vai com expectativas e na volta, fica - para mim - a sensação de não ter fechado um ciclo… O primeiro mês de retorno foi bem difícil porque você ainda está naquela comparando tudo o tempo todo, e para uma pessoa que não passou o que você passou, isso pode soar arrogante.”
Ana tem novos planos, voltar a Austrália como estudante não está entre eles, mas se diz aberta para novas experiências profissionais principalmente em empresas multinacionais, o que acredita lhe dará a oportunidade de viajar para qualquer parte do mundo, não só a Austrália.
"É uma experiência transformadora," a psicoterapeuta Patricia Martins, de Melbourne, discute o vaivém migratório. Assista a entrevista.
DOS ARQUIVOS DA SBS PORTUGUESE
Já se sentiu triste ou deprimido na Austrália?
