Desde 2009 que o número de óbitos é superior a total de nascimentos em Portugal, sendo que 2021, se a tendência se mantiver,m como tudo o indica, nesta ponta final do ano, deverá ser ainda pior do que 2020 e ficar para a história como o ano com o maior saldo natural negativo de que há memória em Portugal, neste século. Só houve um ano pior e no século passado - 1918, o ano de morte com a gripe pneumónica..
De Janeiro até Outubro deste ano, o saldo natural (diferença entre nados-vivos e mortes) acumulado era já de - 37.596, quase mais dez mil do que no mesmo período do ano passado (então - 27.597), tudo conforme os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) .
Mas se em 2020 o saldo natural negativo muito expressivo (-38.931) ficou a dever-se basicamente ao disparar do número de óbitos, este ano o fenómeno justifica-se sobretudo pela muito significativa quebra na natalidade.
O efeito da pandemia na natalidade já era, na verdade, esperado, tendo em conta o contexto de incerteza que terá levado os portugueses ao adiamento do projecto de ter filhos: nos primeiros dez meses, nasceram menos 5965 crianças do que em igual período do ano passado, segundo o INE. E a mortalidade continuou a aumentar, em parte em consequência do terrível mês de Janeiro e ainda de Fevereiro, quando Portugal viveu a terceira e pior vaga da pandemia de covid-19.
Os especialistas são unânimes: para que a população portuguesa não continue a diminuir, o saldo migratório terá que ser muito positivo. Portugal ter que atrair e fixar pessoas porque, mesmo que se faça um grande esforço, já vai ser difícil inverter a tendência da quebra da natalidade.