Todas as 39 pessoas infetadas em Portugal são homens, a maioria com idade entre os 20 e os 40 anos. Todos estão estáveis.
A maioria das infecções está localizada na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas desde ontem que existem casos também no Norte e no Algarve.
O microbiologista João Paulo Gomes do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, depois de ter sequenciado este vírus garante que este Monkeypox em circulação em vários países, incluindo Portugal, onde não é endémico, pertence a uma linhagem menos agressiva com origem na África Ocidental.
Este respeitado microbiologista considera que "não há motivo para preocupação", mas, "acima de tudo, motivo para atuar, bloquear as cadeias de transmissão, para fazer uma vigilância forte e despistar rapidamente todos os casos suspeitos".
Apesar da escalada do número de casos tanto a Direção Geral de Saúde como o Centro Europeu de Controlo de Doenças definem um baixo risco de transmissão para a população. Esta entidade central sanitária europeia admite um risco moderado para pessoas com múltiplos relacionamentos sexuais, designadamente entre homens.
A infeção tem um período de incubação que pode ir até aos 21 dias e os peritos continuam a desenvolver, a partir das pessoas infetadas, os inquéritos epidemiológicos com o objetivo de identificar cadeias de transmissão e potenciais novos casos e respetivos contactos.
A Direção Geral de Saúde, como autoridade sanitária em Portugal está a pedir que as pessoas que “apresentem lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, devem procurar aconselhamento clínico” e, “perante sintomas suspeitos, abster-se de contacto físico direto com outras pessoas e de partilhar vestuário, toalhas, lençóis e objetos pessoais enquanto estiverem presentes as lesões cutâneas, em qualquer estádio, ou outros sintomas”.
Vários especialistas têm alertado para o contágio deste vírus poder acontecer a partir de contacto próximo ou íntimo e de contacto direto com as lesões na pele ou erupções cutâneas de uma pessoa infetada. Mas, também no que diz respeito às formas de transmissão deste vírus, há algumas questões por esclarecer. A transmissão entre humanos, de acordo com o que sabemos até agora, também pode ocorrer através de gotículas no ar (como a tosse ou espirros) ou através de fluidos (como o suor).
O facto de todos os infetados em Portugal serem homens não significa que a doença só afeta a população do sexo masculino. Existem casos envolvendo mulheres, por exemplo em Espanha.
As autoridades de saúde francesas recomendaram esta terça-feira o início da vacinação dos contactos de risco e dos profissionais de saúde expostos ao vírus Monkeypox.
A autoridade francesa de saúde determina que deve existir uma estratégia de vacinação após a exposição, com a administração de vacinas de terceira geração até quatro dias após o contacto de risco. A administração, de acordo com a autoridade de saúde francesa, deve ser feita em duas doses (ou três se a pessoa for imunocomprometida) com um espaçamento temporal de 28 dias.
Ainda esta terça-feira, a Dinamarca anunciou a administração de vacinas em contactos de risco. O modelo seguirá o mesmo formato que na França: após o contacto de risco, deve ser administrada a vacina. Também neste caso, os responsáveis dinamarqueses definiram que a vacina a aplicar será a de terceira geração.
Portugal pondera ativar também um processo de vacinação.
O vírus Monkeypox foi descoberto em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para investigação, refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).
O vírus Monkeypox encontra-se sobretudo nas florestas da África Central e Ocidental, entre roedores e primatas não-humanos – e a sua disseminação pelo mundo está a suscitar preocupações, ainda que todos os registos indiquem que a doença, apesar de muito incomodativa, não é grave.
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